Cinco anos após a queda da ponte de Entre-os- -Rios, três estruturas, todas localizadas no distrito da Guarda, estão classificadas pela empresa Estradas de Portugal (EP) nos níveis mais elevados de risco. As três pontes - a da Chincela sobre o rio Côa e duas sobre o rio Criz - estão agora a ser objecto de obras. E, apesar de toda a polémica levantada com a segurança das pontes, apenas sete milhões de euros foram investidos entre 2001 e 2004 no âmbito dos programas de reabilitação da responsabilidade da EP. Em 2005, o valor de quatro anos mais que triplicou: foram gastos 25 milhões de euros. Mas o grosso da fatia, diz a empresa, ainda está por investir: será até 2008 e ascende ao valor de 117 milhões de euros.
O plano de investimentos não aliena as preocupação dos especialistas em segurança das pontes em Portugal, que lamentam a falta de prioridade dada à questão. "Este campo - que vai da inspecção à monitorização - deveria ser considerado absolutamente prioritário e mereceria do poder político a mesma atenção que outros projectos tão badalados no âmbito do plano tecnológico", afirma Paulo Cruz, investigador da Universidade do Minho e membro fundador da Associação Portuguesa para a Segurança e Conservação de Pontes. É que o problema agrava-se a cada ano que passa, lembra este especialista - que é também secretário- -geral da International Association of Bridge Management e Safety. "As pontes estão cada vez mais velhas e o seu número é cada vez mais elevado. Deveria ser dado todo o destaque à investigação e desenvolvimento de modelos de conservação que permitam atenuar o forte impacto que estas acções virão a ter na economia nacional", defende.
Exemplificando o problema, Paulo Cruz afirma que "não haverá sequer um engenheiro civil por distrito responsável pela manutenção do parque de pontes nessa área". Para além de serem necessários mais meios humanos, ressalva o especialista, é "imperioso" que se estabeleça um quadro nacional de formação e certificação de técnicos em inspecções e avaliações de segurança.
O sistema de gestão de pontes existente em Portugal é "um primeiro passo", mas carece de futuros de-senvolvimentos a nível da avaliação do estado de conservação das estruturas. Ainda que "o risco é inerente e é impossível exigir à engenharia com algumas inspecções um diagnóstico infalível, porque tal como na medicina, há muitos imponderáveis". Assim, outra questão essencial para Paulo Cruz é urgência de aprofundar o conhecimento e vulgarizar mais o recurso a métodos de ensaio não destrutivos e planos de monitorização.
A segurança das pontes não é apenas uma questão nacional. "Caem pontes em outros países industrializados", afirma Paulo Cruz. O problema começa a ganhar contornos de grande actualidade a nível mundial. E cresce a percepção de que, após a fase intensiva de construção, "terá que se equilibrar os investimentos entre novas estruturas e manutenção das existentes".
Os programas da EP envolvem 285 pontes e um investimento global de 149 milhões de euros. Os distritos mais afectados são Santarém, Lisboa, Porto e Aveiro. Estão actualmente em curso 28 empreitadas e 56 intervenções foram já concluídas. As inspecções "estão a revelar níveis satisfatórios, superiores aos expectáveis", afirma a EP. Em 2001, na sequência da tragédia de Entre-os- -Rios, 63 pontes foram consideradas em estado de emergência. Entre elas estava a Ponte Eiffel sobre o Lima, em Viana do Castelo, fechada em Fevereiro para obras que deverão estar concluídas em Julho; na Ponte Eiffel de Fão, sobre o Cávado, a intervenção arrancou na quarta-feira e vai durar oito meses. Desde Julho de 2001, que a ponte estava interdita a pesados e à limitação de velocidade a 30 quilómetros/hora .A ponte do Pinhão, sobre o Douro, também está em obras.Com PJ, Viana do Castelo
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Cinco anos após a queda da ponte de Entre-os- -Rios, três estruturas, todas localizadas no distrito da Guarda, estão classificadas pela empresa Estradas de Portugal (EP) nos níveis mais elevados de risco. As três pontes - a da Chincela sobre o rio Côa e duas sobre o rio Criz - estão agora a ser objecto de obras. E, apesar de toda a polémica levantada com a segurança das pontes, apenas sete milhões de euros foram investidos entre 2001 e 2004 no âmbito dos programas de reabilitação da responsabilidade da EP. Em 2005, o valor de quatro anos mais que triplicou: foram gastos 25 milhões de euros. Mas o grosso da fatia, diz a empresa, ainda está por investir: será até 2008 e ascende ao valor de 117 milhões de euros.
O plano de investimentos não aliena as preocupação dos especialistas em segurança das pontes em Portugal, que lamentam a falta de prioridade dada à questão. "Este campo - que vai da inspecção à monitorização - deveria ser considerado absolutamente prioritário e mereceria do poder político a mesma atenção que outros projectos tão badalados no âmbito do plano tecnológico", afirma Paulo Cruz, investigador da Universidade do Minho e membro fundador da Associação Portuguesa para a Segurança e Conservação de Pontes. É que o problema agrava-se a cada ano que passa, lembra este especialista - que é também secretário- -geral da International Association of Bridge Management e Safety. "As pontes estão cada vez mais velhas e o seu número é cada vez mais elevado. Deveria ser dado todo o destaque à investigação e desenvolvimento de modelos de conservação que permitam atenuar o forte impacto que estas acções virão a ter na economia nacional", defende.
Exemplificando o problema, Paulo Cruz afirma que "não haverá sequer um engenheiro civil por distrito responsável pela manutenção do parque de pontes nessa área". Para além de serem necessários mais meios humanos, ressalva o especialista, é "imperioso" que se estabeleça um quadro nacional de formação e certificação de técnicos em inspecções e avaliações de segurança.
O sistema de gestão de pontes existente em Portugal é "um primeiro passo", mas carece de futuros de-senvolvimentos a nível da avaliação do estado de conservação das estruturas. Ainda que "o risco é inerente e é impossível exigir à engenharia com algumas inspecções um diagnóstico infalível, porque tal como na medicina, há muitos imponderáveis". Assim, outra questão essencial para Paulo Cruz é urgência de aprofundar o conhecimento e vulgarizar mais o recurso a métodos de ensaio não destrutivos e planos de monitorização.
A segurança das pontes não é apenas uma questão nacional. "Caem pontes em outros países industrializados", afirma Paulo Cruz. O problema começa a ganhar contornos de grande actualidade a nível mundial. E cresce a percepção de que, após a fase intensiva de construção, "terá que se equilibrar os investimentos entre novas estruturas e manutenção das existentes".
Os programas da EP envolvem 285 pontes e um investimento global de 149 milhões de euros. Os distritos mais afectados são Santarém, Lisboa, Porto e Aveiro. Estão actualmente em curso 28 empreitadas e 56 intervenções foram já concluídas. As inspecções "estão a revelar níveis satisfatórios, superiores aos expectáveis", afirma a EP. Em 2001, na sequência da tragédia de Entre-os- -Rios, 63 pontes foram consideradas em estado de emergência. Entre elas estava a Ponte Eiffel sobre o Lima, em Viana do Castelo, fechada em Fevereiro para obras que deverão estar concluídas em Julho; na Ponte Eiffel de Fão, sobre o Cávado, a intervenção arrancou na quarta-feira e vai durar oito meses. Desde Julho de 2001, que a ponte estava interdita a pesados e à limitação de velocidade a 30 quilómetros/hora .A ponte do Pinhão, sobre o Douro, também está em obras.Com PJ, Viana do Castelo
Não aprendemos, mas fazemos umas coreagrafias, prontamente transmitidas em directo de fino recorte estético. Nisso somos imbatíveis.
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