4.3.06

No país dos "estudiosos"


HÁ UMA frase pessimista que garante que «O Homem (só) aprende por catástrofes».

Mas, por cá, essa afirmação até seria optimista pois, como se sabe, nós nem com catástrofes aprendemos...

2 Comments:

Anonymous Anónimo said...

No «DN» de hoje:

Cinco anos após a queda da ponte de Entre-os- -Rios, três estruturas, todas localizadas no distrito da Guarda, estão classificadas pela empresa Estradas de Portugal (EP) nos níveis mais elevados de risco. As três pontes - a da Chincela sobre o rio Côa e duas sobre o rio Criz - estão agora a ser objecto de obras. E, apesar de toda a polémica levantada com a segurança das pontes, apenas sete milhões de euros foram investidos entre 2001 e 2004 no âmbito dos programas de reabilitação da responsabilidade da EP. Em 2005, o valor de quatro anos mais que triplicou: foram gastos 25 milhões de euros. Mas o grosso da fatia, diz a empresa, ainda está por investir: será até 2008 e ascende ao valor de 117 milhões de euros.

O plano de investimentos não aliena as preocupação dos especialistas em segurança das pontes em Portugal, que lamentam a falta de prioridade dada à questão. "Este campo - que vai da inspecção à monitorização - deveria ser considerado absolutamente prioritário e mereceria do poder político a mesma atenção que outros projectos tão badalados no âmbito do plano tecnológico", afirma Paulo Cruz, investigador da Universidade do Minho e membro fundador da Associação Portuguesa para a Segurança e Conservação de Pontes. É que o problema agrava-se a cada ano que passa, lembra este especialista - que é também secretário- -geral da International Association of Bridge Management e Safety. "As pontes estão cada vez mais velhas e o seu número é cada vez mais elevado. Deveria ser dado todo o destaque à investigação e desenvolvimento de modelos de conservação que permitam atenuar o forte impacto que estas acções virão a ter na economia nacional", defende.

Exemplificando o problema, Paulo Cruz afirma que "não haverá sequer um engenheiro civil por distrito responsável pela manutenção do parque de pontes nessa área". Para além de serem necessários mais meios humanos, ressalva o especialista, é "imperioso" que se estabeleça um quadro nacional de formação e certificação de técnicos em inspecções e avaliações de segurança.

O sistema de gestão de pontes existente em Portugal é "um primeiro passo", mas carece de futuros de-senvolvimentos a nível da avaliação do estado de conservação das estruturas. Ainda que "o risco é inerente e é impossível exigir à engenharia com algumas inspecções um diagnóstico infalível, porque tal como na medicina, há muitos imponderáveis". Assim, outra questão essencial para Paulo Cruz é urgência de aprofundar o conhecimento e vulgarizar mais o recurso a métodos de ensaio não destrutivos e planos de monitorização.

A segurança das pontes não é apenas uma questão nacional. "Caem pontes em outros países industrializados", afirma Paulo Cruz. O problema começa a ganhar contornos de grande actualidade a nível mundial. E cresce a percepção de que, após a fase intensiva de construção, "terá que se equilibrar os investimentos entre novas estruturas e manutenção das existentes".

Os programas da EP envolvem 285 pontes e um investimento global de 149 milhões de euros. Os distritos mais afectados são Santarém, Lisboa, Porto e Aveiro. Estão actualmente em curso 28 empreitadas e 56 intervenções foram já concluídas. As inspecções "estão a revelar níveis satisfatórios, superiores aos expectáveis", afirma a EP. Em 2001, na sequência da tragédia de Entre-os- -Rios, 63 pontes foram consideradas em estado de emergência. Entre elas estava a Ponte Eiffel sobre o Lima, em Viana do Castelo, fechada em Fevereiro para obras que deverão estar concluídas em Julho; na Ponte Eiffel de Fão, sobre o Cávado, a intervenção arrancou na quarta-feira e vai durar oito meses. Desde Julho de 2001, que a ponte estava interdita a pesados e à limitação de velocidade a 30 quilómetros/hora .A ponte do Pinhão, sobre o Douro, também está em obras.Com PJ, Viana do Castelo

4 de março de 2006 às 11:04  
Blogger maloud said...

Não aprendemos, mas fazemos umas coreagrafias, prontamente transmitidas em directo de fino recorte estético. Nisso somos imbatíveis.

4 de março de 2006 às 14:47  

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