O fim duma era?
É NATURAL que haja alguma estupefacção entre os urbanos leitores de jornais, ao verem o mundo rural agitar-se como tem acontecido nos últimos dias. Para quem tenha um mínimo de informação política, a surpresa ainda é maior. Como é possível o actual ministro da agricultura ter contra ele a CAP, uma confedereação sempre apoiada nos partidos da direita e, ao mesmo tempo, também ter em pé de guerra contra a sua política a CNA, liga camponesa conotada com o Partido Comunista?
Como conseguiu este ministro, de perfil discreto, treino e formação burocrática, pôr todos de acordo contra si? Que guerra é esta ao redor duma agricultura destroçada ao longo dos últimos anos, a ponto de importarmos quase tudo que comemos?
Esta deve ser uma história interessante, a cheirar a dinheiro e ao fim duma era, com resmas de subsídios daqueles que foram levados sempre pelos mesmos, poucos, e que põe os alentejanos mais velhos a sorrirem, sábios e manhosos, quando os vêem passar na estrada, nos seus automóveis ou jipes de luxo:
- Lá vai o IFADAP...
Como conseguiu este ministro, de perfil discreto, treino e formação burocrática, pôr todos de acordo contra si? Que guerra é esta ao redor duma agricultura destroçada ao longo dos últimos anos, a ponto de importarmos quase tudo que comemos?
Esta deve ser uma história interessante, a cheirar a dinheiro e ao fim duma era, com resmas de subsídios daqueles que foram levados sempre pelos mesmos, poucos, e que põe os alentejanos mais velhos a sorrirem, sábios e manhosos, quando os vêem passar na estrada, nos seus automóveis ou jipes de luxo:
- Lá vai o IFADAP...
«25ª HORA» - «24horas» 23 Mar 06
Etiquetas: JL
4 Comments:
Deliciosamente caricato:
Esta semana, na SIC-N:
As "queques" Ana Drago e Maria José Nogueira Pinto a discutirem a vida do povo rural.
E sem se rirem!
C.R.
A minha família teve e tem quintas no Douro. Desde sempre os ouvi dizer que as quintas eram um comércio sem telhado. Há 20 anos o comércio passou a ter telhado. Chamava-se CEE. Pelo que vou sabendo, afinal sou parte interessada, parece que as telhas vão ser mais distribuídas. Há quem vá apanhar sol e chuva e já não esteja habituado.
Quando se vê os habituais subsidio-dependentes da "nossa" agricultura, reclamarem a demissão do Ministro da tutela, qualquer coisa está a ser alterada, para eles claro. Será que agora os dinheiros fáceis vão acabar? Estou de acordo numa questão com o ministro da Agricultura: o que deve ser premiado é o mérito de quem produz e não o desleixo de quem nada faz.
Nesta guerra dos agricultores contra o ministro não está em causa a habitual defesa dos privilégios.
Trata-se, simplesmente, do facto de que este ministro se recusa a respeitar compromissos contraídos em nome do Estado pelo anterior.
Isso foi bem explicado por M. Rebelo Sousa no passado dia 26e também no Editorial do Público de 28 Mar.
O calote, ainda por cima, é com efeitos retroactivos.
C.R.
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