26.4.06

Uma gracinha

UMA GRACINHA, observar exercícios aplicados de contorcionismo. Atente-se, por exemplo, nas reacções ao discurso de Cavaco Silva, na Assembleia da República, nas comemorações do 25 de Abril. O Governo a reagir tipo "eu não dizia!?", como se Cavaco tivesse sido o seu candidato. O PCP a concordar com o diagnóstico, Jerónimo de Sousa com o discurso na virilha, a dizer que sim a partes, a recordar que o PR foi PM mais de 10 anos, a lembrar que a terapêutica dos dois é diferente mesmo que coincidam no diagnóstico. O PSD a engolir o discurso, tão social-democrata que Willy Brandt, ao pé de Marques Mendes, pareceria o prof. Adriano Moreira. O PS sempre com aquele velho problema de falta de "quórum", desta vez com faltas importantes no plenário da sua consciência. Mas todos, mesmo todos, a dizer que gostaram muito do discurso de Cavaco Silva. Tem muita graça decompor e analisar estes discursos. E mais graça ainda tem a observação das reacções que provocam. E chegar à conclusão de que as palavras de Cavaco Silva constituíram um dos discursos mais à esquerda deste 25 de Abril. Uma gracinha.
«25ª HORA» - «24 horas» de 26 Abr 06

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