O CÉU DE BERLIM (*)
Desde o primeiro dia de Julho de 2006, em Gelsenkirchen, o famoso romance do austríaco Peter Handke, A angústia do guarda-redes no momento do penalty (Die Angst des Tormanns beim Elfmeter), publicado há 36 anos, parece ter ficado definitivamente desactualizado. A partir de agora, creio que se deverá falar, com toda a propriedade, da angústia dos rematadores diante de Ricardo no momento do penalty.
Como o próprio guarda-redes leonino da selecção de Portugal afirmou, depois de ter defendido os penalties executados pelos ingleses Lampard, Gerrard e Carragher: «Vi nos seus olhos que não estavam confiantes para marcar os penalties. A baliza, para eles, estava a encolher. Só me cabia tentar prolongar o sofrimento deles». O que era preciso demonstrar (quod erat demonstrandum), como terá afirmado Euclides.
Foi exactamente o que fez, por três vezes, o nosso Ricardo coração de leão, neste caso não o cruel monarca inglês, mas o portuguesíssimo guarda-redes leonino natural do Montijo. Devo dizer que me convenci de que o Ricardo iria defender o terceiro penalty quando não se mexeu, nem pestanejou, no instante em que Carragher se precipitou para a bola e rematou antes do árbitro apitar. A atitude de Ricardo, que nem se fez à bola, só serviu para confirmar até que ponto estava tranquilo e concentrado, continuando a fixar os rematadores ingleses nos olhos, depois de já ter defendido dois penalties.
Mas o extraordinário feito do guardião lusitano não desactualizou por completo a vasta obra de Peter Handke. Porque também foi o romancista, dramaturgo e ensaísta austríaco o autor do texto intitulado Der Himmel über Berlim (O Céu sobre Berlim) que serviu de argumento ao belíssimo filme de Wim Wenders mais conhecido entre nós pelo título As Asas do Desejo. O que os jogadores da selecção nacional querem é dar asas ao seu desejo de jogar a final deste Mundial no Estádio Olímpico da capital da Alemanha, precisamente sob o céu de Berlim. Que a eficácia e a sorte estejam com eles!
Bem precisa de uma coisa e outra, esta selecção portuguesa que já fez história ao alcançar, com muito esforço e mérito, as meias-finais deste Mundial 2006. Mas, ao falar em asas do desejo, convém não esquecer o título do actual livro de cabeceira de Scolari: Voando como uma águia, do brasileiro João Roberto Gretz. Uma obra em que o factor emocional é apontado como princípio básico para obter o máximo rendimento.
Como o próprio guarda-redes leonino da selecção de Portugal afirmou, depois de ter defendido os penalties executados pelos ingleses Lampard, Gerrard e Carragher: «Vi nos seus olhos que não estavam confiantes para marcar os penalties. A baliza, para eles, estava a encolher. Só me cabia tentar prolongar o sofrimento deles». O que era preciso demonstrar (quod erat demonstrandum), como terá afirmado Euclides.
Foi exactamente o que fez, por três vezes, o nosso Ricardo coração de leão, neste caso não o cruel monarca inglês, mas o portuguesíssimo guarda-redes leonino natural do Montijo. Devo dizer que me convenci de que o Ricardo iria defender o terceiro penalty quando não se mexeu, nem pestanejou, no instante em que Carragher se precipitou para a bola e rematou antes do árbitro apitar. A atitude de Ricardo, que nem se fez à bola, só serviu para confirmar até que ponto estava tranquilo e concentrado, continuando a fixar os rematadores ingleses nos olhos, depois de já ter defendido dois penalties.
Mas o extraordinário feito do guardião lusitano não desactualizou por completo a vasta obra de Peter Handke. Porque também foi o romancista, dramaturgo e ensaísta austríaco o autor do texto intitulado Der Himmel über Berlim (O Céu sobre Berlim) que serviu de argumento ao belíssimo filme de Wim Wenders mais conhecido entre nós pelo título As Asas do Desejo. O que os jogadores da selecção nacional querem é dar asas ao seu desejo de jogar a final deste Mundial no Estádio Olímpico da capital da Alemanha, precisamente sob o céu de Berlim. Que a eficácia e a sorte estejam com eles!
Bem precisa de uma coisa e outra, esta selecção portuguesa que já fez história ao alcançar, com muito esforço e mérito, as meias-finais deste Mundial 2006. Mas, ao falar em asas do desejo, convém não esquecer o título do actual livro de cabeceira de Scolari: Voando como uma águia, do brasileiro João Roberto Gretz. Uma obra em que o factor emocional é apontado como princípio básico para obter o máximo rendimento.
Confesso que fiquei muito impressionado com o excelente futebol praticado pela selecção da França, quer contra a Espanha (3-1) quer contra o Brasil (1-0). Foram dois recitais técnicos e tácticos caracterizados pela força mental, a disciplina, a inteligência e a classe, colectiva e individual, sobretudo do grande Zidane. Todavia, como explica Sun Tzu em A Arte da Guerra, a vitória depende mais dos aspectos morais e intelectuais dos combatentes e das circunstâncias da batalha, do que do poderio dos exércitos. Que Sun Tzu inspire a nossa selecção e lhe permita disputar a final sob o céu de Berlim!
(*) Crónica de Alfredo Barroso no «DN» de hoje (não está online), aqui transcrita com sua autorização
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