O engenheiro e o electricista (*)
HÁ UMA vintena de anos, sensível aos apelos patrióticos no sentido da poupança, subscrevi um PPR.
E tudo correu bem até ao dia em que Bagão Félix decidiu abolir os correspondentes benefícios fiscais.
Passei, a partir daí, a canalizar as minhas economias para Certificados de Aforro.
E, mais uma vez, tudo correu bem até ao dia em que Teixeira dos Santos entendeu reduzir a respectiva taxa de juro.
Tanto um como o outro só me fazem lembrar o que se passou com um electricista que eu em tempos conheci e que foi trabalhar com um engenheiro muito novo.
Este, inseguro, ora o mandava ligar um fio, ora o mandava desligar - até que o operário, pessoa já de certa idade, se sentou num caixote, a um canto, e, enquanto enrolava um cigarro de mortalha, desabafou:
- Ó chefe, sente-se lá aqui ao pé de mim, pense no problema com calma, e depois então diga o que quer - mas de uma vez por todas, que já me doem as costas!
-Publicado na revista «PÚBLICA» em 13 Ago 06
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