O fantasma do senhor José - porteiro
OS MAIS velhos lembrar-se-ão, certamente, dos tempos em que muitos prédios tinham porteiros fardados: eram, invariavelmente, pessoas com poucas ou nenhumas habilitações mas que, uma vez envergado o uniforme de serviço - de aspecto paramilitar -, se transfiguravam, quase sempre, em ditadores de opereta.
Ora, como sucede com toda a gente que conviveu de perto com essa curiosa realidade, também eu me lembro muito bem do primeiro porteiro do prédio onde nessa época morava:
Era o temido senhor José, um grunho obeso e analfabeto, alcoólico e violento, que pontapeava cães e espancava a mulher quando não estava a exercer o seu poder-absoluto sobre quem pretendia transpor a porta da rua - acto este que fazia depender de um dress-code que ele mesmo arbitrava, caso a caso, entre uma escarradela e dois arrotos.
Era o temido senhor José, um grunho obeso e analfabeto, alcoólico e violento, que pontapeava cães e espancava a mulher quando não estava a exercer o seu poder-absoluto sobre quem pretendia transpor a porta da rua - acto este que fazia depender de um dress-code que ele mesmo arbitrava, caso a caso, entre uma escarradela e dois arrotos.
Enfim, trata-se de uma daquelas personagens de pesadelo que habitam as nossas memórias de infância e que, a propósito disto e daquilo, lá saem do limbo: neste caso é, umas vezes, a propósito da crueldade contra animais; outras, por causa da violência doméstica.
Mas, como se tal não bastasse, juntaram-se, nos últimos tempos, outros motivos para o fantasma do senhor José me aparecer:
Ora são peripécias relacionadas com dress-codes insulares, ora é o quero-posso-e-mando que as maiorias-absolutas permitem. E, nos últimos dias, até nem faltou, a propósito de "quem pode e não pode passar", o pífio «No passarán!» de Souzelas.
Mas, como se tal não bastasse, juntaram-se, nos últimos tempos, outros motivos para o fantasma do senhor José me aparecer:
Ora são peripécias relacionadas com dress-codes insulares, ora é o quero-posso-e-mando que as maiorias-absolutas permitem. E, nos últimos dias, até nem faltou, a propósito de "quem pode e não pode passar", o pífio «No passarán!» de Souzelas.
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Em 29 Ago 06 foi publicada, no «Diário Digital», uma versão ligeiramente diferente:
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