«O TGV voador» ou «Dinheiro a voar»?
Por ser muito interessante e actual, aqui se transcreve, por sugestão de Jorge Oliveira, um artigo publicado no Jornal de Negócios de anteontem.
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TGV ou Jumbo para Badajós?
Jack Soifer
Em recente Congresso, a corporação ferroviária insistiu no TGV para Madrid, sem mais estudos. Mostraram como ele uniu cidades em França e Alemanha; troços de 1000 km no meio da UE.
Países pequenos e periféricos como Finlândia, Dinamarca, Suécia e Irlanda, todos com alto PIB "per capita", preferiram o Alfa.
O TGV a Madrid quer transportar 600 a 800 passageiros a uma média de 175 km/h. Leva no mundo real 17 minutos para parar, embarcar e acelerar até 300, usando muita energia. Até Madrid só três paragens são económicas e assim não há integração com o interior. O Alfa a Madrid custaria só 10% do TGV; projecto, carris, sinalização, carruagens, tudo seria feito por cá, ao contrário do TGV onde só daríamos parte da mão-de-obra, pedra e cimento. O Alfa é alta velocidade e leva só mais 20 minutos, mas pára em seis, não só três cidades.
Um orador acusou estudos de economicistas: ‘A tecnologia é para usar’. Não disse que é o contribuinte que não a utiliza quem paga. Na Suécia, o Tribunal de Contas denunciou intransparências e derrapagens de 60% jamais antes vistas, no único micro-TGV lá. Os utentes são a metade do previsto, pois limusinas com 4 a 6 pax cobram menos. As empreiteiras do PPP exigem manter o lucro e o governo as subsidia. Quatro milhões de contribuintes pagam 50€/ano cada, para dez mil privilegiados usarem o TGV. Este fiasco ajudou a queda do governo PS.
Em Espanha, o governo subsidia a RAVE com mil milhões. É provável que aqui cada um de 4 milhões de contribuintes pague 80€/ano nas próximas décadas, para 40 mil TGVistas irem a Badajós. Poucos irão directo a Madrid no TGV. Porque pagar 150€ por 4h, se a "low cost" faz por 70€ em 3h centro a centro?
Carga rápida é boa logística. Na Suécia, 2000T fazem 800 km numa noite, ao máximo de 90 km/h em cada comboio; TGV não ajuda.
Hoje terroristas já não atacam aviões. Um ataque ao TGV é fácil e com muito mais impacto político e económico que ao Alfa. A segurança custará muito mais que o previsto hoje – tudo importado.
Cada tecnologia tem uma aplicação ideal. Valorizemos o que temos e fazemos! Não estamos no Centro da UE, não temos 1000 km nem 80 milhões de habitantes a unir. Uma linha mista, que nos custe um Alfa para seis cidades, sim! Porto a Vigo de Alfa, para já! Mas quem pagará um jumbo para Badajós?
O TGV a Madrid quer transportar 600 a 800 passageiros a uma média de 175 km/h. Leva no mundo real 17 minutos para parar, embarcar e acelerar até 300, usando muita energia. Até Madrid só três paragens são económicas e assim não há integração com o interior. O Alfa a Madrid custaria só 10% do TGV; projecto, carris, sinalização, carruagens, tudo seria feito por cá, ao contrário do TGV onde só daríamos parte da mão-de-obra, pedra e cimento. O Alfa é alta velocidade e leva só mais 20 minutos, mas pára em seis, não só três cidades.
Um orador acusou estudos de economicistas: ‘A tecnologia é para usar’. Não disse que é o contribuinte que não a utiliza quem paga. Na Suécia, o Tribunal de Contas denunciou intransparências e derrapagens de 60% jamais antes vistas, no único micro-TGV lá. Os utentes são a metade do previsto, pois limusinas com 4 a 6 pax cobram menos. As empreiteiras do PPP exigem manter o lucro e o governo as subsidia. Quatro milhões de contribuintes pagam 50€/ano cada, para dez mil privilegiados usarem o TGV. Este fiasco ajudou a queda do governo PS.
Em Espanha, o governo subsidia a RAVE com mil milhões. É provável que aqui cada um de 4 milhões de contribuintes pague 80€/ano nas próximas décadas, para 40 mil TGVistas irem a Badajós. Poucos irão directo a Madrid no TGV. Porque pagar 150€ por 4h, se a "low cost" faz por 70€ em 3h centro a centro?
Carga rápida é boa logística. Na Suécia, 2000T fazem 800 km numa noite, ao máximo de 90 km/h em cada comboio; TGV não ajuda.
Hoje terroristas já não atacam aviões. Um ataque ao TGV é fácil e com muito mais impacto político e económico que ao Alfa. A segurança custará muito mais que o previsto hoje – tudo importado.
Cada tecnologia tem uma aplicação ideal. Valorizemos o que temos e fazemos! Não estamos no Centro da UE, não temos 1000 km nem 80 milhões de habitantes a unir. Uma linha mista, que nos custe um Alfa para seis cidades, sim! Porto a Vigo de Alfa, para já! Mas quem pagará um jumbo para Badajós?
3 Comments:
É assim que se discute: com dados concretos e números, como é feito neste artigo.
Mas nada disso interessa aos fala-baratos de serviço.
Os resultados virão depois, como sucedeu nos casos da Casa da Música, do C.C.Belém, dos Estádios do Euro 2004, da Expo 98...
Ed
O pior é que a loucura já anda à solta e não há quem a detenha.
Nem com colete de forças...
Não tenho qualquer dúvida de que o TGV e a Ota não são mais do que pagamentos do Governo aos empreiteiros que, conluiados com certos bancos, são donos do país.
Pagamentos por favores, tachos, financiamentos a partidos, benefícios fiscais...
Toda a gente sabe isto. Só alguns o dizem...
HS
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