Para quem quiser comentar o filme «A Rainha»
COM A MORTE de Diana, Tony Blair, acabadinho de chegar ao poder, vê cair-lhe do céu uma oportunidade única de entrar nas graças do povão - mesmo (ou necessariamente) à custa da popularidade da Casa Real que não podia com a "princesa (dita) do povo".
"Comoventes" até mais não são as cenas em que Tony & Esposa (deslumbrados com o seu estatuto de modernizadores e intérpretes do verdadeiro espírito do povo) se põem em bicos-de-pés e desatam a dar conselhos à Casa Real...
Fazem lembrar as cenas de «O Leopardo», quando a burguesia em ascensão quer ocupar o lugar da nobreza mas transpira falta-de-chá por todos os poros.
3 Comments:
Saborosa a cena, quase no final, quando o Tony, paternalmente, diz à rainha - mais ou menos o seguinte:
«Foi uma semana muito má para si, mas a senhora lá deu a volta por cima, hem?»
E ela responde:
«Pois é. A si, há-de chegar o dia em que leva um trambolhão que nem sabe como foi. Nesse dia, você desaparece, mas eu fico...»
O "Tony-Terceira-via-Blair" sai deste filme "feito num oito".
Pode-se entender que a Casa Real também sai mal na medida em que é incapaz de perceber os novos tempos.
A menos que... bem, a menos que seja isso que, no fundo, o povo inglês quer. Blair representa o efémero, a civilização dos "big-shows". A rainha representa algo de infinitamente mais profundo, mais estável e independente de modas.
O tempo dirá quem fica para a História e como.
Ed
Quem acompanhou as notícias da época, e quem tem acompanhado a forma de viver (e de reagir) da família real, sabe que o filme é perfeitamente credível.
O pouco que tem de ficção não belisca em nada o essencial.
Muito bom.
R. M.
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