Infelizmente, bem actual
SOLITÃO FERNANDES, um rapaz desembaraçado nascido em Giestal de Frades (obscura aldeia do interior lusitano), tem duas características curiosas: detesta o seu primeiro nome (no que tem toda a razão!) e comunica com o falecido avô recorrendo às suas misteriosas qualidades de medium com aptidão para a escrita automática.
Através do diário (ou antes: "semanário") do rapaz, ficamos a saber como se pode subir na vida desde que a vontade seja muita e os escrúpulos sejam poucos: na descrição que vai fazendo do seu trajecto ascencional, Solitão leva-nos a conhecer as cumplicidades secretas e os mundos negros da pedofilia, da corrupção autárquica, dos financiamentos partidários, das trafulhices do futebol, do vira-casaquismo político...
E lá vai ele, qual intrépido navegador solitário, singrando com arte e proveito pelos meandros desse mundo minado mas que, pelo que sabemos, continua florescente. De facto, o que é mais preocupante, neste saboroso livro de João Aguiar, é constatar que continua 100% actual, apesar de ter sido escrito há mais de 10 anos!
Etiquetas: JA
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