Proposta de discussão
1 - Pode (ou deve) um autor de um blogue ser responsabilizado pelo teor dos comentários lá colocados pelos leitores?
2 - E supondo que sim: face a um comentário insultuoso para outrem, deverá haver alguma distinção entre um que é feito por um anónimo e outro cujo autor se identifica sem ambiguidades?
3 - Porque será que, quando começam a aparecer comentários insultuosos, eles terminam (quase sempre) no exacto momento em que se activa a opção «Apenas utilizadores registados» na caixa «Quem pode comentar»?
Etiquetas: CMR
15 Comments:
Em relação à pergunta 3, note-se o seguinte:
O "utilizador registado" pode continuar a ser relativamente anónimo, basta-lhe usar um nickname.
No entanto, o que aqui se diz é verdade: basta exigir essa "micro-responsabilização" para que as pessoas se portem como "crescidinhas".
O que sucede é que, com o anonimato, um leitor pode colocar inúmeros comentários fazendo-se passar por pessoas diferentes. Com o registo, mesmo que use um ou dois nicknames, isso fica bastante restringido.
Este assunto é particularmente importante agora que António Balbino Caldeira (autor do blogue «Do Portugal Profundo») foi constituído arguido.
De tudo o que li ESCRITO POR ELE só encontrei referências a factos que são do domínio público e perguntas pertinentes que toda a gente faz ou fez, pelo que me ofereci para ser testemunha de defesa.
O único ponto (eventualmente) frágil são os textos dos comentários que aparecem. Todos os seus posts têm centenas (alguns até milhares!) e, mesmo que ele apague os mais incómodos, ficam sempre muitos que lhe podem criar problemas.
Esta é também a opinião de JPP no ABRUPTO.
O post que há dias aqui foi publicado diz tudo:
*********
O mensageiro, o idiota e a Lua
EM TEMPOS que já lá vão, era frequente matar-se o mensageiro quando ele era portador de más notícias, pelo que se imagina facilmente a angústia dos desgraçados a quem incumbia tal tarefa.
Na realidade, ainda hoje (embora assumindo formas mais subtis como, p. ex., a ameaça com os tribunais) esse fenómeno é frequente - e de tal forma o é, que a expressão "síndrome do mensageiro", que surgiu por causa dele, continua a ser usada, e mais vezes do que seria desejável numa sociedade sã.Um corolário dessa aberração consiste em anatematizar quem aponta realidades que não agradam. Para os imbecis que a praticam, os chineses criaram um certeiro provérbio:
«Quando alguém aponta para a Lua, o idiota fica a olhar para o dedo».
E mais não digo, pois os tempos estão a ficar perigosos...
Vale a pena acompanhar com a maior atenção este caso do blogue Do Portugal Profundo.
Se se der o caso de o autor vie a ter problemas com os comentários, isso pode fazer uma jurisprudência com GRANDE IMPACTO na blogosfera, goste-se ou não do facto.
Claro que seria ainda mais grave se o autor viesse a ser condenado por apenas revelar factos que toda a gente sabe que são verdadeiros (e até mesmo reconhecidos pelo queixoso), como é o caso das habilitações - falsas ou incorrectas, que J.Sócrates só corrigiu mais de 2 anos depois de denunciadas.
O típico-portuguesinho-valente só o é desde que possa manter o anonimato.
Pois se até temos industriais (gente supostamente adulta) com medo que se saiba que subsidiaram o estudo sobre o possível Aeroporto em Alcochete!!!
Não sei o q se passa noutros países. Mas em Portgal, ou muito me engano, ou este assunto vai estar "na berra" muito em breve.
Na minha opinião, nenhuma das questões é de resposta única, ou simples, ou sequer fácil.
1- Pode e não pode porque...
2- ... existem e existirão sempre (ou, pelo menos, até ver) ambiguidades.
3- Pois: "quase sempre".
Mas enfim, é bem possível que esteja na altura de os bloggers, individualmente, fazerem alguma coisa quanto à praga dos insultos nos comentários. O que me parece é que isso, esse "fazer alguma coisa" não deve, não pode ser algo institucional; quando as instituições criam mecanismos de controlo das actividades individuais, e quando estas se limitam à palavra, isso costuma ter uma designação pouco agradável...
«...não pode ser algo institucional...»
Também não parece necessário. O Blogger prevê 4 hipóteses:
1-Impossibilidade de comentários (como no Causa Nossa e no ABRUPTO);
2 - 100% livres, anónimos ou não (como neste e em quase todos);
3 - Comentários moderados, que só só afixados ao fim de algum tempo (como no Expresso-online)
4 - Só para registados (como na Grande Loja do Queijo Limiano).
A minha experiência diz que o caso 4 acaba com quase todos os insultos, ordinarices e comentários que não têm nada a ver com o post em causa. Se passar 1 ou 2 de vez em quando, o dono do blogue que os apague.
É um facto que o anonimato dos comentários permite muita ordinarice.
Mas a questão é esta : isso já fez mal ao mundo?
Se os comentários insultuosos nos blogs são desagradáveis, mais desagradável se pode tornar o controlo legislativo dos conteúdos e comentários dos blogs. Porque, atrás da proibição do insulto vem a proibição de outras manifestações. O caso da trapaça de Sócrates na obtenção da licenciatura só foi possível porque existem blogs e os respectivos conteúdos não são (ainda) controlados.
Não se pode ter sol na eira e chuva no nabal. Há que escolher. Mas é bom ter presente que o que realmente tem feito mal ao mundo é o controlo ideológico (religião incluída) da liberdade individual. Ideologias e religiões já mataram mais gente do que todas as epidemias juntas.
Jorge Oliveira
Discurso sobre o Filho da Puta
por: Alberto Pimenta
o pequeno filho-da-puta
é sempre
um pequeno filho-da-puta;
mas não há filho-da-puta,
por pequeno que seja,
que não tenha
a sua própria
grandeza
diz o pequeno filho-da-puta
no entanto, há
filhos-da-puta
que nascem grandes
e
filhos-da-puta
que nascem pequenos,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
os filhos-da-puta
não se medem aos palmos,
diz ainda
o pequeno filho-da-puta.
o pequeno
filho-da-puta
tem uma pequena
visão das coisas
e
mostra em
tudo quanto faz
e diz
que é mesmo
o pequeno filho-da-puta
no entanto,
o pequeno filho-da-puta
tem orgulho em
ser
o pequeno filho-da-puta
todos
os grandes filhos-da-puta
são reproduções em
ponto pequeno
do pequeno filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
dentro do
pequeno filho-da-puta
estão em idéia
todos os
grandes filhos-da-puta
diz o pequeno filho-da-puta.
tudo o que é mau
para o pequeno
é mau
para o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
o pequeno filho-da-puta
foi concebido
pelo pequeno senhor
à sua imagem e
semelhança,
diz o pequeno filho-da-puta.
é o pequeno
filho-da-puta
que dá ao grande
tudo aquilo de que ele
precisa
para ser o grande filho-da-puta,
diz o pequeno filho-da-puta.
de resto,
o pequeno filho-da-puta vê
o engrandecimento
do grande filho-da-puta:
o pequeno filho-da-puta
o pequeno senhor
Sujeito Serviçal
Simples Sobejo
ou seja, o pequeno filho-da-puta.
Então e agora caro amigo?
Passa você a ser responsável pelo conteúdo "insultuoso" deste meu post?
Apaga-se, simplesmente?
Atira-se o Alberto Pimenta para o "quase renascido" index?
Nomeia-se uma Comissão para decidir o que é a literatura PC (politicamente correcta ;)) ?
Ou recita-se Jorge de Sena ao mesmo tempo que se reenviam estes cavalheiros, (que são uma espécie de democratas), para a manjedoira de onde nunca deviam ter saido?
A Portugal
Jorge de Sena
Esta é a ditosa pátria minha amada.
Não, nem é ditosa porque o não merece,
nem minha amada, porque é só madrasta
nem pátria minha, porque eu não mereço
a pouca sorte de ter nascido nela.
(...)
Portugal,Lisboa;Lat/Long:38.7167, -9.1333 (~Largo das Olarias)
-
Via Net.Works
-
Language English (U.S.)
Operating System Microsoft Win2000
Browser:Firefox 2.0; Mozilla/5.0 (Windows; U; Windows NT 5.0; en-US; rv:1.8.1.4) Gecko/20070515 Firefox/2.0.0.4; Javascript version 1.5; Monitor Resolution:1280x1024
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Se eu for à janela de minha casa e desatar a berrar o que me vem à cabeça, posso ter problemas ou não.
O mesmo se passa com aquilo que eu escrever num blogue meu, em que assino e sou identificável - para o bem e para o mal...
Prossigamos, então, na metáfora:
Vem a MINHA casa um gajo embuçado, vai à MINHA janela e, ao abrigo do que chama "liberdade de expressão", desata a dizer o que lhe vem à cabeça.
A seguir desaparece, e diz que se houver sarilhos... o problema é meu!
Sim senhor, 5 estrelas!
SÓCRATES OUVE DIZER QUE O ANDAM A CHATEAR NA INTERNET. COMPRA UM COMPUTADOR E... TELEFONA
VÁRIAS VEZES AO MARIANO GAGO PARA O AJUDAR A USÁ-LO:
* Mariano? É o Zé Sócrates. Oh, pá, ajuda-me aqui. Comprei um computador, mas não consigo
entrar na Internet! Estará fechada? Aquilo fecha a que horas?
* Zé, meteste a password?
* Sim! Quer dizer, copiei a do Pinho.
* E não entra?
* Não, pá!
* Hmmm....deixa-me ver... qual é a password dele?
* Cinco estrelinhas...
* Oh, Zé!...Fo...-seeeeee....Bom, deixa lá agora
isso, depois eu explico-te. E o resto, funciona?
* Também não consigo imprimir, pá! O computador diz: "Cannot find printer"! Não percebo, pá, já
levantei a impressora, pu-la mesmo em frente ao monitor o gajo sempre com a porra da mensagem, que não consegue encontrá-la, pá!
* Fooo .... -seee....Vamos tentar isto: desliga e torna a ligar e dá novamente ordem de impressão.
Sócrates desliga o telefone.
Passados alguns minutos torna a ligar.
*Mariano, já posso dar a ordem de impressão?
* Olha lá, porque é que desligaste o telefone?
* Eh,
* Fooo .... -seee...Dá lá a ordem de impressão, a ver se desta vez resulta.
* Dou a ordem por escrito? É um despacho normal?
* Oh, Zé...Fooo....Eh, pá! esquece....Vamos fazer
assim: clica no "Start" e depois...
* Mais devagar, mais devagar, pá! Não sou o Bill Gates...
* Se calhar o melhor ainda é eu passar por aí...Olha lá, e já tentaste enviar um mail?
* Eu bem queria, pá!, mas tens de me ensinar a fazer quele circulozinho em volta do "a".
* O circulozinho...pois... Bom...vamos voltar a
tentar aquilo da impressora. Faz assim: começas por fechar todas as janelas.
* Ok, espera aí...
* Zé?...estás aí?
* Pronto, já fechei as janelas. Queres que corra os cortinados também?
* Zé, olha para a porra do monitor e vê se me consegues ao menos dizer isto: o que é que diz na parte de baixo do écran?
* Samsung.
* ........
*Mariano?... Mariano?...Olha, Desligou!
Anónimo said...
Portugal,Lisboa;Lat/Long:38.7167, -9.1333 (~Largo das Olarias)
-
Via Net.Works
Caro amigo, a localização está errada. Como, por certo, sabe esses locators genéricos de fiáveis não têm nada.
E dado apenas ter procurado realçar, com um exemplo quase extremo, aquilo que me parece um retrocesso de varios séculos o pensar sequer em levar a sério uma discussão destas, nem sequer me passou pela cabeça esconder a minha origem, o que como por certo também não desconhece, é muito mais fácil do que por vezes se procura fazer crer.
As minhas sinceras desculpas se o ofendi. Tal não foi a minha intenção e posso, inclusive, enviar-lhe já de seguida um email com toda a minha identificação, caso o deseje.
Assumo ter errado ao pensar que pudesse identificar imediatamente o autor deste poema, que me limitei a transcrever, e a conseguir liga-lo como o que é dito atrás acerca do que se pode/deve, ou não, escrever.
"Discurso sobre o Filho da Puta" por: Alberto Pimenta
http://pt.wikipedia.org/wiki/Alberto_Pimenta
Deverá então, na sua opinião, ser este autor imediatamente retirado das livrarias/bibliotecas ou apenas cedido mediante identificação prévia e declaração escrita de como e onde vai ser lido/usado?
Podemos continuar a ensinar o que foram as "cantigas de escárnio e mal dizer" ou, para não corrermos o risco de serem mal interpretadas ou citadas, devemos riscá-las da nossa história?
Eça de Queiroz escreveu acerca dos parlamentares seus contemporâneos o que "Maomé não pensou sequer dizer do toucinho"
Hoje é consensualmente, julgo ou julgava eu, considerado um dos vultos maiores da literatura portuguesa.
Deveria ele ter sido processado em vez de publicado?
Acha sério sequer levantar a hipótese de avançarmos para uma espécie de novo "Index Librorum Prohibitorum" adaptado aos blogs?
Já não percebo nada. Ou, se calhar, não quero mesmo perceber.
"Prossigamos, então, na metáfora:
Vem a MINHA casa um gajo embuçado, vai à MINHA janela e, ao abrigo do que chama "liberdade de expressão", desata a dizer o que lhe vem à cabeça."
Descrição quase documental do dia a dia, ou noite a noite, de quem habite um rés-do-chão num dos bairros ditos "populares". Apagam-se os transeuntes? Ou acabam-se com os bares e festas populares?
"A seguir desaparece, e diz que se houver sarilhos... o problema é meu!"
Um ponto de interrogação no final das frases, no meu tempo de escola, indicava pergunta e não afirmação. TLEBS?
"Sim senhor, 5 estrelas!"
Sem duvida! Foi uma resposta mais do que elucidativa apesar de também não estar identificada. ;)
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