25ª HORA
Bancos de verdade
Por Joaquim Letria
A BANCA ERA UM ASSUNTO demasiado sério para estar entregue a bancários. Tenho saudades de quando os bancos em Portugal tinham nome de gente, os clientes se vestiam a preceito para pedirem um empréstimo ou a reforma duma letra, as sedes eram revestidas a madeira, couro e latão, o chefe duma agência era um cavalheiro, os porteiros e contínuos usavam farda e ninguém levantava a voz.
Trinta anos depois de expeditos bancários se terem aproveitado da nacionalização da banca e se terem servido da sua reprivatização, pouca gente tem maneiras. Basta olhar para o BCP e ver o que ali vai.
Tenho saudades do Fonsecas Santos & Viana, do Burnay, do Borges & Irmão, do Pinto & Sottomayor, do Português do Atlântico do Sr. Cupertino de Miranda, do Pinto de Magalhães, do BIP do Sr. Jorge de Brito, do Totta & Açores, do Mello, do Bank of London & South América e até de alguns cambistas de boa memória. Tudo bancos onde trabalhava gente de palavra de honra e de um só aperto de mão. Que não usava Dr. ou Engº como nome próprio. Gente que hoje quase já não há. Restam os Espírito Santo. Valha-nos a Santíssima Trindade.
«24 horas» de 8 de Agosto de 2007
Etiquetas: JL
4 Comments:
É verdade! Eu, que trabalhei no "ramo", nesses tempos, tenho saudades desses bancos, desses bancários e desses Banqueiros.
Quem não teria saudades, meu caro senhor!
Obrigado pelo seu comentário.
Seu,
Joaquim Letria
Mas já repararam em quantas trapalhadas escurecidas em que aparece envolvido o BES?
A redacção anterior não está grande coisa, mas fica a idéia...
Enviar um comentário
<< Home