Apologia da imitação
ESTAMOS HABITUADOS a desprezar a imitação. Mas é ela que leva os bebés a aprender a falar, que nos leva a respeitar normas sociais mesmo antes de as compreender e, segundo várias investigações do comportamento animal, é ela que, em grande parte, explica a sobrevivência de muitas espécies gregárias.
Quando as zebras viajam, por exemplo, se uma delas vislumbrar um leão e fugir, todas se dispersam, mesmo sem verem a ameaça. O pânico é contagiante e a imitação torna-se um factor de sobrevivência.
Também assim tem sido com a espécie humana. Psicólogos e evolucionistas estão convencidos que a imitação entre os seres humanos é ainda mais acentuada que entre os símios.
Nos últimos anos, vários estudos têm apontado nesse sentido («Nature» 437, pp.737–40 e «Animal Cognition» 8, pp. 164–81), o que põe em causa alguns mitos românticos sobre a humanidade.
Mais recentemente, estudos psicológicos têm mostrado que a imitação é um factor de coesão e de atracção entre seres humanos.
Tanya Chartrand e outros psicólogos da Universidade de Duke, em Carolina do Norte, fizeram agora uma série de experiências que mostram a simpatia gerada pela imitação («Social Cognition» 25). Em diálogo com uma pessoa, os investigadores verificaram que, se imitarem discretamente alguns dos seus gestos, posturas, tiques de linguagem e pronúncia, geram uma maior simpatia. Mediram-no de várias maneiras, por exemplo, deixando cair ao chão, de forma casual, um lápis e registando se os entrevistados tomam a iniciativa simpática de o apanhar. A probabilidade de o fazerem é cerca de três vezes maior nos que foram subtilmente imitados durante a entrevista.
A imitação tem também poderes de persuasão.
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1 Comments:
A imitação era inevitável e incontornável num mundo em que toda a biologia repousa na replicação de umas quantas moléculas fundamentais.
Literalmente falando, está-nos na massa do sangue.
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