O que não se entende
Por Helena Matos
SOBRE O PROCESSO CASA PIA espero que o tempo traga a serenidade e a distância necessárias para que percebamos o que aconteceu. (E já que tanto se fala de professores nunca consegui entender a resignação com que tantos docentes daquela instituição aceitaram, durante anos, que os seus alunos fossem vítimas de abusos.) Mas se o processo em si mesmo é perturbante alguns aspectos que lhe são marginais nada contribuem para que se quebre o clima de suspeição que envolve todo este caso. Por exemplo, como se explica a dupla contratação pela ministra da Educação, de João Pedroso, irmão e advogado de Paulo Pedroso, para proceder a um levantamento da legislação do ministério da Educação? Não só é difícil de entender que nos seus mais de duzentos mil funcionários nenhum conseguisse dar conta desta tarefa como resta a dúvida: o ministério da Educação não conhece a sua própria legislação?
Mas mais grave ainda é a revelação agora feita pelo “Sol” de que o chefe de gabinete do ministro Vieira da Silva teria feito chegar à defesa de Paulo Pedroso um documento pessoal da ex-provedora Catalina Pestana. Quero acreditar que isto não é verdade mas infelizmente não encontro qualquer desmentido.
«Público» de 11 Mar 08 - c.a.a.
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