Zapatero
Por João Paulo Guerra
O cenário político das democracias formais do Ocidente está relativamente formatado: há o partido cinzento e o partido pardo e os eleitores tiram à sorte em função de promessas e demagogia. Em Espanha, porém, há alguma diferença.
ZAPATERO GOVERNOU A ESPANHA com maioria relativa nos últimos quatro anos e ao fim da legislatura os eleitores consideraram que governou bem. Por não ter maioria absoluta não se coibiu de avançar com medidas fracturantes. E com uma forte oposição de direita seguiu uma política social-democrata, sensível aos problemas sociais como já não se vê na quase totalidade dos partidos socialistas desta metade do mundo. O chamado socialismo, em regra, converteu-se ao neoliberalismo, enjeita a origem da sua designação, que utiliza apenas para enganar incautos podendo mesmo vir a ser acusado de publicidade enganosa ao apresentar-se como socialista simplesmente para arrebanhar votos. Zapatero tem sido uma excepção.
O primeiro-ministro de Espanha, para além de sensível às questões sociais, é um homem de diálogo. Fala com as oposições políticas, com os parceiros sociais e decide por consensos e tendo em conta as críticas. Um caso exemplar. Na hora da vitória, Zapatero prometeu prosseguir as políticas de sucesso do seu governo e corrigir os erros. Ora isto de admitir que se errou é mais uma lição para todos quantos se apresentam como infalíveis e carregados de certezas que se sobrepõem à evidência.
Por fim, Zapatero tem sido um governante independente no contexto internacional, que poupou a Espanha à vergonha da vassalagem e à desonra do beija-mão. Ou seja: a democracia social, a abertura, o diálogo e a independência não estão proibidos nem sequer fora de moda.
«Diário Económico» de 11 Mar 08 - c.a.a.
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O seu grande amigo e admirador vai seguir-lhe as pisadas?
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