Passatempo com prémio
POR ACHAR que esta notícia (que se pode ler no «Público» de hoje) merece mais do que uma boa gargalhada, o Sorumbático oferecerá um exemplar do livro cuja capa aqui se vê ao autor do melhor comentário que, sobre o assunto, venha a ser feito até às 2oh do próximo dia 27, quinta-feira.
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Actualização-1: calha aqui muito bem, 'pendurada' neste post, a crónica de um autor-convidado do Sorumbático, o João Miguel Tavares. Dado que o assunto é o mesmo, o prémio oferecido é extensível a quem, em vez da notícia do «Público», prefira comentar a crónica.
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Nem anjos inocentes, nem geração rasca
Por João Miguel Tavares
HÁ UM ANO, ESTAVA NO CENTRO COMERCIAL Colombo e a minha filha mais velha desatou numa gritaria desalmada, já nem sei porquê, uma daquelas birras olímpicas que antes de termos os nossos filhos acreditamos ingenuamente que só acontecem aos filhos (mal-educados) dos outros. Tentei fazer como os árbitros de futebol: isolar o jogador para o punir disciplinarmente. Puxei-a para um canto, encostei-a à parede e tentei acalmá-la. Só que ela continuava a espernear e a gritar pela mãe, como se eu fosse o Jack Bauer em plena sessão de tortura, procurando saber a todo o custo onde estava a ogiva nuclear. Então, uma senhora dos seus 60 anos aproximou-se esbaforida, a berrar "você é mau pai, você é mau pai", dizendo-me para largar a criancinha e deixá-la ir ter com a mãe, senão chamava a polícia. A sério.
Entre pôr uma criança a trabalhar no campo aos seis anos e estar publicamente impedido de lhe estancar uma birra, é capaz de haver um meio-termo. E no entanto, cada vez parece mais difícil encontrá-lo. Veja-se o inacreditável vídeo do liceu do Porto. Tudo aquilo é impensável, claro, mas antes de voltarmos à velha conversa da geração rasca e às visões apocalípticas do mundo convém ver o que aquilo é: o registo de uma birra sem limites, aparentemente parecida com a da minha filha no Colombo. A diferença - e é uma grande diferença - é que na altura a minha filha tinha três anos. E a rapariga loucamente apaixonada pelo seu telemóvel tem 15. O problema da falta de autoridade dos professores é uma realidade preocupante, ninguém duvida disso, mas é em casa daquela miúda e na educação dos nossos filhos que em primeiro lugar devemos procurar as causas do seu comportamento.
Doses cavalares de mimo, desaparecimentos de Maddies e problemas de consciência de pais ausentes compõem uma fórmula de tal forma explosiva que as criancinhas se transformam em flores de jarra às quais parece mal tocar até com um dedo. O meu pai contou-me no outro dia que em miúdo levou um tabefe porque ao cumprimentar um adulto o tratou por "você" em vez de "senhor". Não é a este tempo que queremos voltar. Mas é preciso encontrar o equilíbrio entre distribuir sopapos por faltas de cortesia e não poder puxar uma criança para um canto sem se ser ameaçado com a polícia. Já é hora de acabar com o mito do bom rebelde. As crianças não são seres angélicos que o mundo corrompe. São bicharocos nem sempre encantadores, muitas vezes cruéis, que têm de ser educados para a vida e para se comportarem devidamente em sociedade. Alguém se esqueceu de fazer esse trabalho com aquela miúda do Porto, dez anos atrás. Tão simples - ou tão complicado - quanto isso.
«DN» de 25 Mar 08 - c.a.a.
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Actualização-2: o passatempo foi ganho por "Olá!!", a quem já foi enviado o livro.
Etiquetas: CMR, Passatempos
12 Comments:
Melhor que uma "boa gargalhada"? Não sou capaz e com ela já corria o risco de molhar as calças!
ANÚNCIO:
Voluntário/a, precisa-se!
para explicar a escola a [este papá] e a [esta mãezinha].
URGENTE!!!!
aqui se diz...
(com a devida permissão do senhor Carlos Medina, claro está :)
acho que no contexto deste post, cabe aqui recordar duas frases, sobejamente conhecidas de todos, mas, infelizmente, esquecidas por muitos:
" A educação começa no berço."
" A família é a primeira escola."
Caros amigos,
Então ninguém é capaz de escrever um comentário mais completo acerca de um tema destes, de que tanto se fala?
A escola não tem de ser explicada aos pais, é necessário e urgente haver um BOM intercâmbio professores/pais, não uma mera caderneta, não uma hora para atendimento que se resume a 5 minutos de paleio.
A disciplina começa no berço, os pais são as raízes e os professores os arames que amparam a educação e crescimento dos nossos filhos.
Sempre disse aos meus filhos que no dia em que levassem um sopapo de um professor seria porque o mereciam e só os defenderia se viesse a descobrir que tinha sido cometida uma injustiça.
Não sou docente, mas caso estivesse no lugar da professora interveniente no famoso caso CM, aquela miúda ia direitinha para o Conselho Disciplinar com o telemóvel enfiado na boca…
Não se admite tamanha falta de respeito.
Atenção que com isto não estou a tomar partido da fracção docente, também sou das que recebo recados via caderneta surrealistas… aos quais respondo pessoalmente, já que nem são dignos de gastar tinta.
Para acabar… os miúdos adoram ginástica (a maioria), pois é, um dos meus filhos tem a a mesma professora há 2 anos. Durante estes dois anos a disciplina teve consecutivas aulas de substituição pois a professora, aparentemente e constantemente doente, falta compulsivamente. As aulas de substituição resumem-se a tudo menos ginástica. Em dois anos nada foi feito, apesar da constante chamada de atenção para o problema.
E a avaliação da disciplina, como é feita??? O meu filho pratica ginástica acrobática, extra curricular, teve um 3 no final deste período. Surpreendente, no mínimo…
Viva a escola, viva a classe docente, viva os pais, viva os alunos, viva o estado e abaixo a disciplina que assim vamos longe….
A obra em causa é um livro cheio de humor, publicado em 1997 e em que o tema é a escola (e o que gira em torno dela).
Está cheio de ilustrações clássicas (gravuras) cujas legendas foram propositadamente "deturpadas" para se adaptarem ao texto.
E ainda bem que há pessoas que conseguem fazer humor em torno de um assunto destes, senão estavamos definitivamente perdidos...
;))))
O ser humano consegue fazer humor com tudo. Nos casos mais dramáticos, isso tem um efeito de catarse.
É o caso das anedotas de malucos, das do S. Pedro, das que ridicularizam ditadores, etc, apesar de a loucura, a morte e as ditaduras serem o que são.
Bem... e há ainda as de sogras, mas não queria entrar por aí...
hehe é melhor não, as sogras são uns anjos ;)))
Vou comprar este livro.Tenho 49 anos e sou professora há 24. Preciso da Escola Explicada (sobretudo)aos profes, pois já não sei para que serve esta escola.Para instruir? Para educar? Ser Segurança Social?
Comissão de protecção de menores? Santa Casa da Misericórdia? Fornecer comida a quem não a tem ? Ser marcadora de consultas de dentista, de oftalmologia, de psicologia, de psiquiatria? Para guardar crianças? Domar miúdos? Fazer com que os alunos se portem como gente? PARA ENSINAR? Antes de ensinar o que quer que seja,há uma decência mínima de comportamento que tem que existir, e muitas, muitas vezes, cada vez mais, não existe.
O novo estatuto da carreira docente
(Janeiro de 2007) não tem nos deveres dos professores uma única vez a palavra ensinar.Eu pensava que tinha sido contratada para ensinar, mas já não sei.Sinto-me mais educadora de infância, pois o que faço mais na aula é tentar que os alunos façam, ou não façam algumas coisas, que o seu comportamento seja, já não digo civilizado, mas aceitável.
O passatempo foi ganho por "Olá!!", a quem se pede que, durante as próximas 24 horas, escreva para sorumbatico@iol.pt, indicando morada para envio do livro.
Obrigado a todos!
CMR, muito agradecida, apesar de a adesão a este passatempo ter sido fraca.
Logo mais envio o meu endereço.
Beijosss
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