Passatempo sem prémio
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Aquecendo suficientemente a peça de metal, deixando-a depois arrefecer, e repetindo o procedimento ao sabor da paciência que se tiver, a geringonça desata a subir, pois a forma assimétrica do denteado da serra impede-a de descer.
Passa-se o mesmo com o preço da gasolina (que sobe depressa sempre que aumenta o do barril de petróleo - mas não baixa com a mesma prontidão quando se dá o inverso), com os juros da banca, etc.
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Pergunta sem prémio: tendo em conta que os preços subiram sempre que o IVA subiu, o que sucederá agora, com a sua descida?
Etiquetas: CMR
5 Comments:
Nada, todos os preços na mesma para o consumidor final. Mas arrelia-me a politiquice da oposição que contestou a subida de IVA pelo governo porque ia provocar um abanão na economia e agora que este desceu já não se fará notar em nada... É isto que provoca a descredibilização da política: o ser sempre do contra.
Para o consumidor final nao acredito que preços alterem (infelizmente) mas pode ser que muitas PME que estão com a corda na garganta beneficiem desta medida, ganhando uma margem lucro extra
Melo,
É verdade que a Oposição muda de opinião oportunisticamente, descredibilizando-se mais vezes do que seria necessário.
Mas, NESTE CASO CONCRETO, pergunta-se:
Tem ou não tem razão quem diz que a subida do IVA provoca sempre subida de preços, enquanto a descida raramente (ou nunca) tem o efeito simétrico?
Claro que sim, e não é por aí que a oposição se descredibiliza; antes pelo contrário, porque, pelo menos neste caso, diz uma grande verdade.
É claro que, como diz, os vendedores é que vão ficar a ganhar.
Mas não serão só as PME (com ou sem corda na garganta).
E, mesmo que a ideia do governo seja essa (beneficiar as empresas), não nos atire areia para os olhos dizendo que é o consumidor quem vai ser beneficiado, porque é mentira.
Há muitas maneiras de os políticos se descredibilizarem.
Uma, como diz Melo, é mudarem de opinião ao sabor das conveniências.
Outra, é dizer "inverdades".
Neste caso, há políticos que dizem que os consumidores vão ser beneficiados; e outros que, olhando para a experiência de casos iguais, dizem que isso não se vai passar.
Para mim, o descrédito maior será para quem se enganar num assunto desta gravidade.
Vamos esperar para ver... ou não é necessário?
Uma coisa é certa. O estado vai ficar a deixar de ganhar 500 milhões de Euros. Esse dinheiro terá de ficar com alguém. Se não é "devolvido" ao consumidor sob a forma de baixa de preços, é porque fica retido algures. Distribuidores? Vendedores? Retalhistas? Produtores?...
O meu comentário é a transcrição de uma declaração de João Vieira Lopes, vice-presidente da Confederação do Comércio e Serviços de Portugal: "o Estado deverá fiscalizar os serviços públicos e os produtos tabelados." "De resto, o mercado é livre, pelo que a fiscalização poderá ser feita pelos consumidores".
O título da notícia é esclarecedora: "Empresas querem ter a palavra final na fixação dos preços e recusam fiscalização",
Que é que se pode acrescentar? Estudos feitos noutros países demonstram que a descida deste imposto nunca acerreta a correspondente descida de preços finais.
In Público de hoje
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