A Quadratura do Circo
Sinais
Por Pedro Barroso
HÁ ALGUNS ACORDOS TÁCITOS em Democracia. O mais elementar e directo é o poder do voto. Um acordo tácito que entrega o Governo da Nação a uma força vencedora de eleições, maioritária ou não, mas sustentada, capaz de conseguir consensos partidários.
Um outro - menos imediato e mais delicado - releva em termos de entendimento de sinais públicos, indicadores de opinião, grandes denúncias colectivas, escândalo político, quebra de confiança. Sinais que, também eles, tornam governável ou não um País.
Esse acordo de cavalheiros e hombridade prevê indícios visíveis que são, a bem dizer, os garantes de que o poder não vive na rua. Mas que indicam que, em caso de discordância, o povo pode dar um alerta antecipado, uma espécie de cartão entre o amarelo e o vermelho de indignação, aos seus inefáveis e sempre bem-intencionados governantes.
Isso pode acontecer por acumulação de erros crassos na gestão pública, inopinada e controversa indigestão legislativa, forte constipação mental de Ministros e Secretários de Estado, cegueira partidária, notória inconveniência pública, insegurança nacional, falência colectiva de meios e valores, submersão em caos económico e financeiro, injustiça social flagrante ou, digamos, mau funcionamento geral das instituições base que compõem o tecido de uma Nação.
Ora governar é o acto maior de atenção às prioridades da Nação. Como o governante não pode, portanto, dizer que está distraído, nesse caso, se ninguém acusa os visíveis sinais, é porque ao Governo, aparentemente, não lhe convém ver. Tal como um árbitro corrupto num jogo viciado faz vista grossa a um penalty descarado.
E Portugal está a viver ao nível do apito dourado. Na RTP será o microfone dourado, só para alguns; nas reformas o el dorado, só para alguns; na justiça o retardamento dourado, só para alguns; na saúde idem; na habitação idem; na politica fiscal idem; enfim, um país dourado, cheio de frutas e café com leite.
O nível de vida baixo e a iliteracia. A imensa carestia da vida. As reformas, meu Deus, as reformas tão díspares e tão injustas, tanto no seu extremo maior, como no ridículo menor. O complicar permanente da vida dos cidadãos. As novas rusgas pseudo-sanitárias convertidas em atropelos do nosso sossego.
Simplex!? Onde? O que vejo é uma espécie de vigilância permanente. A arte de inventar mais papelada, reuniões, burocracia, inventários, livros de assentos, processos, inspecções, relatórios, legislações inúteis e complicativas, sem norte nem sentido. O absorver o funcionário com requisitos deslocados da sua função, isso sim! Que o digam os professores.
Enfim, o Estado anda a ferrar em estado de sítio a alma do cidadão. Os sinais estão por todo o lado. Quem os não vê deve andar mesmo distraído.
Aqui, nesta mesma tribuna de opinião, curiosamente, perguntei há tempos o que andava a fazer a Pires Ministra e, uma semana depois, ela caiu. Criei o episódio do atendimento hospitalar catastrófico do acidentado da Picha e caiu o ministro da Saúde. Caramba! Tenho afinal um poder insuspeitado. Gosto! Até porque alertei para a luta dos professores e, uma semana depois, foi o que se viu. Cem mil no Terreiro de Paço - é obra. Só no Totoloto não adivinho tanto. Virei vidente?
Não. Porque a leitura geral, no fundo, é demasiado fácil. Os sinais estão por todo o lado.
Na amargura das pessoas, no semblante triste dos desempregados, na falta de horizontes, na nova emigração, na falta de poder de compra, nos estádios vazios, na redução anual das reformas. Digamos, em síntese, que, em tudo o que o Estado intervém, anda a fazê-lo para poupar dinheiro, logo, para ir buscá-lo a algum lado, logo, para tramar o cidadão.
Mais polícia nas ruas, promete-se. Vai significar isso mais vigilância; mais segurança na rua? Não creio. Decerto mais multas por excesso de velocidade e estacionamento; decerto mais autuações por atender o telemóvel e outras gravíssimas liberdades; decerto mais chateamento e prejuízo para o cidadão de bem; decerto mais libertações desesperantes para mariolas profissionais.
Enquanto seres abjectos, incluindo homicidas cruéis e sem remorso, são libertados, o pobre senhor Saavedra, que tem catarro crónico, coitado, vai continuar a ser perseguido pelo agente de serviço por cuspir ocasional e clandestinamente no passeio. Ok, é grave, mas não troquem tanto o essencial pelo acessório. Não convertam a nossa vida no Big Brother da vigilância, - 50 km/h de excesso, fumo clandestino, licença de ocupação da via pública - ah! Íntimos e inconfessáveis pecados meus!...
Porque na Nação toda, no país todo, por toda a parte, em tudo o que ela é, em tudo o que está sentindo e vivendo, todos os dados possíveis que - para lá do voto - uma sociedade civil pode dar em Democracia a um Governo totalitário e absoluto estão a ser dados.
A partir de agora é autismo.
Um outro - menos imediato e mais delicado - releva em termos de entendimento de sinais públicos, indicadores de opinião, grandes denúncias colectivas, escândalo político, quebra de confiança. Sinais que, também eles, tornam governável ou não um País.
Esse acordo de cavalheiros e hombridade prevê indícios visíveis que são, a bem dizer, os garantes de que o poder não vive na rua. Mas que indicam que, em caso de discordância, o povo pode dar um alerta antecipado, uma espécie de cartão entre o amarelo e o vermelho de indignação, aos seus inefáveis e sempre bem-intencionados governantes.
Isso pode acontecer por acumulação de erros crassos na gestão pública, inopinada e controversa indigestão legislativa, forte constipação mental de Ministros e Secretários de Estado, cegueira partidária, notória inconveniência pública, insegurança nacional, falência colectiva de meios e valores, submersão em caos económico e financeiro, injustiça social flagrante ou, digamos, mau funcionamento geral das instituições base que compõem o tecido de uma Nação.
Ora governar é o acto maior de atenção às prioridades da Nação. Como o governante não pode, portanto, dizer que está distraído, nesse caso, se ninguém acusa os visíveis sinais, é porque ao Governo, aparentemente, não lhe convém ver. Tal como um árbitro corrupto num jogo viciado faz vista grossa a um penalty descarado.
E Portugal está a viver ao nível do apito dourado. Na RTP será o microfone dourado, só para alguns; nas reformas o el dorado, só para alguns; na justiça o retardamento dourado, só para alguns; na saúde idem; na habitação idem; na politica fiscal idem; enfim, um país dourado, cheio de frutas e café com leite.
O nível de vida baixo e a iliteracia. A imensa carestia da vida. As reformas, meu Deus, as reformas tão díspares e tão injustas, tanto no seu extremo maior, como no ridículo menor. O complicar permanente da vida dos cidadãos. As novas rusgas pseudo-sanitárias convertidas em atropelos do nosso sossego.
Simplex!? Onde? O que vejo é uma espécie de vigilância permanente. A arte de inventar mais papelada, reuniões, burocracia, inventários, livros de assentos, processos, inspecções, relatórios, legislações inúteis e complicativas, sem norte nem sentido. O absorver o funcionário com requisitos deslocados da sua função, isso sim! Que o digam os professores.
Enfim, o Estado anda a ferrar em estado de sítio a alma do cidadão. Os sinais estão por todo o lado. Quem os não vê deve andar mesmo distraído.
Aqui, nesta mesma tribuna de opinião, curiosamente, perguntei há tempos o que andava a fazer a Pires Ministra e, uma semana depois, ela caiu. Criei o episódio do atendimento hospitalar catastrófico do acidentado da Picha e caiu o ministro da Saúde. Caramba! Tenho afinal um poder insuspeitado. Gosto! Até porque alertei para a luta dos professores e, uma semana depois, foi o que se viu. Cem mil no Terreiro de Paço - é obra. Só no Totoloto não adivinho tanto. Virei vidente?
Não. Porque a leitura geral, no fundo, é demasiado fácil. Os sinais estão por todo o lado.
Na amargura das pessoas, no semblante triste dos desempregados, na falta de horizontes, na nova emigração, na falta de poder de compra, nos estádios vazios, na redução anual das reformas. Digamos, em síntese, que, em tudo o que o Estado intervém, anda a fazê-lo para poupar dinheiro, logo, para ir buscá-lo a algum lado, logo, para tramar o cidadão.
Mais polícia nas ruas, promete-se. Vai significar isso mais vigilância; mais segurança na rua? Não creio. Decerto mais multas por excesso de velocidade e estacionamento; decerto mais autuações por atender o telemóvel e outras gravíssimas liberdades; decerto mais chateamento e prejuízo para o cidadão de bem; decerto mais libertações desesperantes para mariolas profissionais.
Enquanto seres abjectos, incluindo homicidas cruéis e sem remorso, são libertados, o pobre senhor Saavedra, que tem catarro crónico, coitado, vai continuar a ser perseguido pelo agente de serviço por cuspir ocasional e clandestinamente no passeio. Ok, é grave, mas não troquem tanto o essencial pelo acessório. Não convertam a nossa vida no Big Brother da vigilância, - 50 km/h de excesso, fumo clandestino, licença de ocupação da via pública - ah! Íntimos e inconfessáveis pecados meus!...
Porque na Nação toda, no país todo, por toda a parte, em tudo o que ela é, em tudo o que está sentindo e vivendo, todos os dados possíveis que - para lá do voto - uma sociedade civil pode dar em Democracia a um Governo totalitário e absoluto estão a ser dados.
A partir de agora é autismo.
Etiquetas: PB
0 Comments:
Enviar um comentário
<< Home