21.4.08

Próximo

Por João Paulo Guerra
“Chega, basta”. Com estes eloquentes desabafos, o precoce ex-lider do PSD foi-se.
LUÍS FILIPE MENEZES fica assim com mais currículo como contestatário de anteriores direcções do seu partido que como líder. Sete meses e “chega, basta”, pronto, tá, alto e pára o baile. Ainda bem, para ele, que não chegou a deixar Gaia nem nada para trás para ocupar a transitória liderança. É sempre penoso refazer vínculos desfeitos, atar as pontas de nós desatados. Assim foi só um adeus e até ao meu regresso e ei-lo de volta aos dias andados. O mais que pode ter ficado é algum nó na garganta, um embaraço, um prematuro desenlace, uma interrupção involuntária da liderança. Homem, você ainda agora chegou e já está de partida?! Nem aqueceu o lugar. É a vida na oposição sem partido para partir e repartir.
Apesar de inesperado, o episódio parece reincidente. Ia dizer que já escrevi algo de muito semelhante nos nove anos desta Coluna Vertebral, qualquer coisa como: “O governo sofre contestação mas o que cai é a oposição”. Às tantas é isso mesmo: a oposição, de costas para a contestação, cai desamparada. Não tem a que se agarrar uma liderança partidária que chega a usar como tema de oposição a celebração de um contrato de trabalho entre o canal público de televisão e uma jornalista. Mas em que é que o partido cara se havia de opor ao partido coroa? Na filosofia, nas políticas, nunca. Restam os ‘fait-divers’.
Com ou sem eleições ganhas e mandatos para governar, desde os idos de 90 que nenhum líder do PSD chega ao fim da carreira. Uns caem, outros deixam-se cair, outros ainda simplesmente fogem. O cara ou coroa do alterne democrático está reduzido ao jogo com uma moeda viciada de duas faces iguais. Próximo…
«DN» de 21 Abr 08 - c.a.a.

Etiquetas: