Afinal…
Por João Paulo Guerra
Afinal, apesar da crise que aqui está e da que aí vem, apesar dos “tempos difíceis” que Portugal vive e da imensa adversidade da situação internacional, apesar das previsões de estagnação da economia, apesar do espartilho do pacto de estabilidade e do rigor orçamental, é possível fazer coisas que jamais (como dizem os franceses) se fizeram em Portugal.
É POSSÍVEL, em primeiro lugar, garantir a segurança dos depósitos bancários e até mesmo mais que duplicar o valor de cobertura de seguro dos depósitos. É possível baixar os impostos, pelo menos o IRC – o IRS mantém-se porque alguém vai ter que pagar tudo isto e mais as crises, passada, presente e futura. É possível aumentar para 1000 milhões uma nova linha de crédito que beneficiará 300 mil pequenas e médias empresas. É possível alargar a mais 780 mil famílias portuguesas o pagamento do 13.º mês do abono de família, pago em Setembro para fazer face às despesas escolares. E é possível garantir a realização de um programa faraónico de obras públicas, apesar de não se saber quem estará em condições de confiança e de disponibilidade para congregar financiamentos e conceder créditos. E é possível tudo isto mantendo o défice nos 2,2 por cento.
Muitos portugueses devem estar a estas horas a dar graças à crise. E a esperar que com um pouco mais de crise venha a haver finalmente salários para as donas de casa e até mesmo bacalhau a pataco. E, acima de tudo, estarão a pedir aos céus que haja eleições todos os anos, pois há milagres que só são possíveis com conjugações de astros que apenas se verificam em anos de eleições.
Quem não se sabe se estará a gostar do discurso é o Chefe de Estado. Pediu aos governantes que falem “verdade” aos portugueses e não iludam “as dificuldades”. Em resposta ouviu um comício.
«DE» de 10 de Outubro de 2008 - c.a.a.Etiquetas: autor convidado, JPG
1 Comments:
Bom seria esse Chefe de Estado santinho salvar o país com a sua comprovada sabedoria.
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