6.11.08

Grande Prémio «Grande Inovação!»

Pormenor do folheto da responsabilidade do Ministério da Economia e da Inovação...
FOI COM TRISTEZA que, ontem, soube da morte de Michael Crichton, cujos livros sempre me deliciaram. Um dos mais polémicos, State of Fear (Estado de Pânico) caracteriza-se por ser 'politicamente incorrecto' dado que é dedicado a contrariar uma série de ideias-feitas (*) relacionadas com o chamado 'Aquecimento Global'.
*
No entanto, uma coisa são as eventuais aldrabices - propagadas, por vezes com a melhor das intenções (**) -, e outra, muito diferente, é a necessidade real de poupar energia, nomeadamente eliminando consumos supérfluos. E é a propósito disso que esta imagem aqui está. Trata-se de um pormenor de um estimável folheto (ver aqui o documento completo), incluído numa não menos estimável campanha para a redução de consumo de electricidade.
Perguntar-se-á como é que se pode fazer um passatempo com isso? Então lá vai:
As lâmpadas representadas na imagem são tão económicas... tão económicas... que NÃO GASTAM RIGOROSAMENTE NADA. PORQUÊ?
O prémio, a atribuir ao primeiro leitor que diga o que é que as lâmpadas têm de mal, será um livro da autoria de... Lampedusa (nem podia ser outro!).
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(*) O maior disparate, ainda há dias reproduzido na RTP sem ser contraditado, era que «a fusão dos gelos do Pólo Norte fará subir o nível das águas do mar em 6 metros». Talvez isso suceda com os gelos do Pólo Sul (a estimativa, por sinal, e de 6mm e não 6m), mas não com os outros, pelo menos os flutuantes - como muito bem sabe quem coloque uma pedra de gelo num copo com água. Pelo menos, dantes, isso dava direito a chumbo nas cadeiras de Físico-Químicas.
(**) É dito no livro (cito de memória): «Boas intenções, juntamente com má informação, é receita certa para o desastre» e «A poluição é um problema tão real e tão grave, que não é necessário mentir quando se aborda o problema».
Actualização: o passatempo terminou - ver comentário das 17h38m.
NOTA: A propósito de Michael Crichton, chama-se a atenção para o comentário das 18h46m, da autoria do leitor Jorge Oliveira.

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20 Comments:

Blogger Pedro Q. said...

Nao gastam nada... porque nao estao ligadas 'a corrente! :-D

6 de novembro de 2008 às 12:52  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

O que eu digo é que lâmpadas reais, feitas como as que se vêem, dificilmente acenderiam - pelo menos, numa casa "normal".

6 de novembro de 2008 às 12:56  
Blogger Ana said...

Ligadas à natureza não funcionam de certeza...

6 de novembro de 2008 às 12:58  
Blogger Ana said...

Será por o casquilho da lâmpada ser dos maiores e os habituais são dos mais pequenos?

6 de novembro de 2008 às 13:01  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Explicando melhor:

As lâmpadas, de que estas são uma imagem fotográfica, têm um defeito de fabrico grave.

Dito ainda de outra forma:

Se me derem lâmpadas feitas como as que a imagem mostra, não as conseguirei utilizar porque não as conseguirei METER NOS CANDEEIROS. Porquê?

NOTA: O casquilho tem o diâmetro certo. Só que...?

6 de novembro de 2008 às 13:02  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Aqui fica uma "dica", e agora vou almoçar:

http://sorumbatico-longos.blogspot.com/2008/11/passatempo-grande-inveno.html

6 de novembro de 2008 às 13:06  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Se calhar vou ver o 007 e só aqui regresso a meio da tarde.

Até logo.

6 de novembro de 2008 às 13:08  
Blogger Ana said...

O casquilho não enrosca

6 de novembro de 2008 às 13:12  
Blogger Mr. Shankly said...

As da imagem enroscam no sentido contrário ao dos ponteiros do relógio, e os candeeiros estão preparados para que as lâmpadas sejam enroscadas no sentido dos ponteiros do relógio.

6 de novembro de 2008 às 14:47  
Blogger Unknown said...

Este comentário foi removido pelo autor.

6 de novembro de 2008 às 14:50  
Blogger Carlos Gil said...

linkei. não pelas lâmpadas

6 de novembro de 2008 às 15:14  
Blogger J H P said...

Se não me engano, é conterem mercúrio. Em que quantidades já não sei, mas podem vir a ser um problema ambiental grave.

6 de novembro de 2008 às 15:59  
Blogger J H P said...

Esqueci-me deste link: http://www.junkscience.com/ByTheJunkman/20070426.html

6 de novembro de 2008 às 16:01  
Blogger FR said...

Acho que já cheguei tarde.

Não funcionam por casa do sentido da rosca.
Será?

6 de novembro de 2008 às 16:50  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

A resposta que se pretendia foi a que deu Mr. Shankly (e, mais tarde, FR):

O burocrata que tratou do folheto imprimiu a foto do avesso, pelo que as roscas ficaram "ao contrário", não podendo uma lâmpada dessas ser enroscada num casquilho normal.
A imagem que devia ter figurado era, portanto, a que está [aqui]

-oOo-

Comentário:
De facto, estas coisas (que parecem pequenas e sem importância), mostram o grau de amadorismo de certas pessoas. Não só das que fazem, como das que "verificam".
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Assim, o livro «O Leopardo», de Lampedusa (!!) será enviado a Mr. Shankly, pelo que se lhe pede que, nas próximas 48h, escreva para sorumbatico@iol.pt indicando morada para envio.
Obrigado a todos!

6 de novembro de 2008 às 17:38  
Blogger Ana said...

Acho que a minha resposta desta vez ficou incompleta... paciência...

6 de novembro de 2008 às 17:48  
Blogger Mr. Shankly said...

Caro Medina Ribeiro, já tenho o livro em questão (uma obra-prima, por sinal), pelo que proponho que fique para quem acertou a seguir, ou por qualquer outro critério que entenda. A maior parte do gozo é mesmo participar...

6 de novembro de 2008 às 18:30  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

De qualquer forma, contacte-me, pois tenho uma longa lista de livros alternativos.

6 de novembro de 2008 às 18:43  
Blogger Jorge Oliveira said...

Acerca da morte de Michael Crichton, gostava de lhe deixar aqui uma singela homenagem, com um comentário em que retomei uma boa parte dos textos que ele nos deixou.

De facto, embora mais conhecido através dos seus livros "techno-thrillers", entre os quais o do Parque Jurássico, Michael Crichton foi também um grande opositor das teses do aquecimento global. O seu último livro, “State of Fear”, versa precisamente este tema e, como seria de esperar, valeu-lhe um coro de críticas.

Todavia, através de outras intervenções públicas, Michael Crichton explicou muito bem a sua posição e não se cansou de chamar a atenção para os perigos da politização da Ciência, uma ameaça que ele claramente encontrava na corrente alarmista do aquecimento global. Não estava sozinho.

Michael Crichton chega a comparar a teoria do aquecimento global ao advento da eugenia, o estudo da hereditariedade humana na perspectiva das condições que melhor podem favorecer o “aperfeiçoamento da raça”, uma filosofia que se tornou moda durante as primeiras décadas do século XX.

Como recorda Michael Crichton, a eugenia foi suportada por políticos como Theodore Roosevelt, Woodrow Wilson e Winston Churchill ; por juízes do Supremo Tribunal, como Oliver Wendell Holmes e Louis Brandeis, que legislaram a favor daquela teoria ; por outros nomes famosos como Alexander Graham Bell, inventor do telefone ; Margaret Sanger, activista ; Luther Burbank, botânico ; Leland Stanford, fundador da Stanford University ; H. G. Wells, novelista ; George Bernard Shaw, dramaturgo ; e centenas de outras personalidades, incluindo laureados com o Prémio Nobel …

A pesquisa sobre a eugenia foi apoiada pelas Fundações Carnegie e Rockefeller. O Instituto Cold Springs Harbor foi construído para levar a cabo investigações sobre a eugenia, mas outros importantes trabalhos foram efectuados em Harvard, Yale, Princeton, Stanford e Johns Hopkins.

Todo este esforço científico teve o suporte da Academy of Sciences, da American Medical Association e do National Research Council. Chegou a ser dito que se Jesus fosse vivo, ele próprio teria apoiado todo este esforço.

A pesquisa, a produção de legislação e a manipulação da opinião pública acerca da eugenia prolongaram-se ao longo de quase meio século. Os que se opunham à teoria eram apelidados de reaccionários, cegos à realidade, ou puros ignorantes.

Torna-se surpreendente que tão poucas pessoas se tenham oposto àquela teoria, que hoje se reconhece como pseudo-ciência. As ameaças anunciadas não existiam. As acções levadas a cabo em nome daquela teoria eram moral e criminalmente erradas. Em última análise, levaram à morte de milhões de pessoas. De facto, a eugenia teve resultados práticos dramáticos nas experiências dos nazis, motivo pelo qual, após a 2ª Guerra Mundial, a teoria foi abandonada.

Todavia, tal como acontece hoje com o aquecimento global, a eugenia foi consensualmente aceite e patrocinada por eminentes personalidades políticas e científicas da época. A politização da Ciência é um perigo real. Foi este o importante alerta deixado por Michael Crichton.

6 de novembro de 2008 às 18:46  
Blogger Unknown said...

Fiquei bastante triste com a morte de Michael Crichton.

Se tivesse possibilidade de escolher facilmente arranjaria alguém conhecido (e inútil) para falecer em vez do Michael Crichton... bastava ir a alguns Conselhos de Ministros...

Creio ter lido todos os livros dele e sempre me senti próximo de muitas das suas teses.

O problema da politização da ciência é um problema global e extremamente grave. Actualmente não se pode acreditar em nada.

Não percebo nem de medicina nem de meteorologia nem de muita outra coisa. Mas percebo de estatística (é a minha profissão) e fico horrorizado com a forma como a estatística é utilizada para tentar levar-nos a acreditar nas coisas que nos querem impingir.

Isto é válido desde o aquecimento global até à SIDA passando pelos malefícios do tabaco.

Sob um ponto de vista científico as estatísticas que nos apresentam sobre estes temas (estes e muitos outros), não provam nada, são estatísticas mal utilizadas.

E, mesmo que fossem bem utilizadas, as estatísticas não provam, as estatísticas dão pistas para investigação, nada mais.

7 de novembro de 2008 às 17:13  

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