A gente conhece-os
Por Baptista-Bastos
VIVEMOS ENTRE os "activos extravagantes" e os "activos tóxicos". A maioria dos portugueses ignora o significado das expressões e a semântica que lhes subjaz. Mas a verdade é que elas são, simultaneamente, violentas e ambíguas, e repletas de plurais confusões. Não há abstracção possível: os especialistas afirmam que este estrebuchar do sombrio "mundo dos negócios" vai atingir toda a gente. "Isto anda tudo ligado", para citar um poeta, Eduardo Guerra Carneiro. E anda. Um inquérito de Le Monde [31. Outubro, p.p.] e um dossiê publicado no último número de Le Nouvel Observateur [5. Novembro, p.p.] estabelecem instrutivos paralelismos entre os eleitos e os escolhidos. Sempre os mesmos. Escreve o semanário francês: "Nem remorsos nem desculpas. Banqueiros, gestores de fundos de investimento, especuladores, carregam uma responsabilidade esmagadora na crise que estremece a economia mundial." Adianta que os danos da crise apenas atingem os contribuintes, coagidos a tapar todos os buracos, enquanto "aqueles que não perfilham outro credo senão o do lucro" continuam placidamente a enriquecer. (...)
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1 Comments:
Enquanto que para o sistema financeiro se trata de "activos extravagantes" e "activos tóxicos", para alguns de nós, que cometemos o crime de ambicionar a propriedade de uma casinha para vivermos e criarmos os nossos filhos, serão, ainda com mais propriedade, "passivos tóxicos".
De tal maneira tóxicos que nos envenenaram a vida, mesmo devolvendo a casa, e nos deixam com dívidas ainda maiores.
"Passivos intoxicantes" serão aquelas casas, que caiem dos Céus, sem que os escolhidos as paguem, e são intoxicantes porque os eleitos se comportam como se fossem um direito natural, envenenando ainda mais a vida dos comuns mortais não eleitos.
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