Barack Obama – 44.º Presidente dos EUA
Por C. Barroco Esperança
HÁ OITO ANOS, após a vitória eleitoral de Al Gore, a decisão judicial da Flórida declarou o republicano George W. Bush, presidente dos EUA. A direita religiosa anteviu na dupla Bush/Cheney a oportunidade de realizar o sonho do protestantismo evangélico – proselitismo religioso, puritanismo, domínio político e económico e reforma moral do mundo.
Bush chegou a falar com Deus e a anunciar as insólitas audiências ao povo americano que rejubilou com a inspiração divina da invasão do Iraque, a proibição da investigação com células estaminais, a luta contra o aborto legal e a divulgação do criacionismo nas escolas. Foi o triunfo apoteótico da América rústica, inculta e beata.
Herdeiro do presidente que humilhou a América e envergonhou a Europa, McCain não pôde competir com o académico sofisticado, culto e genuinamente civilizado. Num gesto insensato ainda convidou para sua vice uma intragável Sarah Palin que reúne os maiores defeitos americanos sem qualquer das virtudes que fizeram grande o País.
Barack Obama não vai trazer rios de mel ao mundo, que vive um caos financeiro de que são responsáveis os ultraliberais, cuja crise económica precede a política e social que aí vem, com a fome e o desespero a aumentarem.
Bush fez demasiado mal para ser esquecido mas, pelo menos, sabemos que não volta a rezar com a senhora Condoleezza Rice na Sala Oval. Quando muito podem embebedar-se juntos no Texas onde serão inofensivos.
Bush fez demasiado mal para ser esquecido mas, pelo menos, sabemos que não volta a rezar com a senhora Condoleezza Rice na Sala Oval. Quando muito podem embebedar-se juntos no Texas onde serão inofensivos.
Barack Obama representa o melhor que a América tem para dar ao mundo: a tolerância, o espírito de diálogo, a generosidade e o respeito pela diferença. A Europa sente que pode – e deve – ser aliada dos EUA, sem a vassalagem que figuras menores e cobardes lhe prestaram durante a administração Bush e que não têm condições para continuarem a exercer os cargos relevantes que ainda ocupam.
Obama não vai abolir a indigna pena de morte mas, pelo menos, vai proibir a tortura; não acaba com a poluição, mas dará um contributo para o avanço de soluções para a sustentabilidade do Planeta; não inventa a felicidade, mas defenderá o respeito pelos direitos humanos.
Com a eleição de Obama a América não mudou muito, mas mudou imenso o mundo, na forma de olhar a América. Isso é um valor precioso para a civilização que partilhamos, a democracia em que nos revemos e os desafios comuns que nos esperam.
Obrigado, Barack Obama.
NOTA: Esta e outras crónicas do mesmo autor encontram-se no blogue Ponte Europa.
Etiquetas: CBE
1 Comments:
A capacidade de "visão" dos intelectuais portugueses é algo que sempre espanta. Desligada da realidade mas muito engraçada.
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