Os Jardins dos Vice-Reis: Fronteira
Por António Barreto
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O LIVRO É FORMIDÁVEL pelo que nos revela. Mostra um jardim como produto de uma concepção prévia. A autora chega a falar de “jardim esculpido”, não apenas plantado. Mostra-nos como, num jardim, se descobre o seu autor e, neste, o pintor, o escultor e o arquitecto. Leva-nos pela mão, passo a passo, para nos ajudar a perceber o porquê de um bucho, de uma fonte, do arranjo das eras, do jogo de linhas visuais e da organização tanto telúrica como vegetal. A rega dos Mouros, o desenho italiano, a construção francesa, os motivos orientais e a gesta marítima cruzam-se nestes jardins, acabando por resumir metaforicamente a história e a posição de Portugal no mundo.
Mau grado as influências externas, poderosas, há traços específicos que os portugueses inventaram ou concretizaram. O uso do azulejo, por exemplo. Ou a releitura das influências mouras e orientais, muito antes da grande moda do orientalismo do século XIX ou talvez dos finais do século XVIII. Fronteira é um jardim muito mais antigo que essas modas. Precede-as de dois ou três séculos. Este facto foi para mim surpreendente. Fronteira e mais três jardins (curiosamente todos de Vice-reis) têm quatro ou mais séculos de existência, o que parece ser raro no mundo e pelo menos inesperado em Portugal.
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