27.3.09

A Quadratura do Circo – Impostos indirectos

Por Pedro Barroso
EM GUERRA CHAMAM-LHE “danos colaterais”. Em gíria de conversa de café, seriam “acidentes de percurso”. Em amor, talvez fossem “escapadelas parvas”. Em saúde, o médico diria “efeitos secundários”. Se fossem na infância, seriam “palermices sem sentido”. Se ocorressem num percurso, seriam “perdas de tempo”.
Vou chamar-lhes talvez sociológica, talvez psicológica, talvez politicamente “impostos indirectos”. Ou, em comentário/ cognome prosaico e imediatista – “já não há paciência”!
São, com efeito, marcas indirectas de um viver português sem qualidade, nem civilidade e que, de algum modo, configuram uma boçalidade, um desnorte, um grotesco gritar urgente por mais cidadania, mais eficácia na coisa pública, mais elevação e mais urbanidade no viver português. E que nos fazem perguntar: que povo é este?
Há coisas inacreditáveis neste quotidiano português que nos recordam, a cada momento, que estamos num país que parou na cultura, na probidade e na honra de si mesmo, nas mais desnorteantes flutuações e oscilações no critério, na arbitrariedade de decisões, na demora instituída na justiça, na perda de sentido estético, na ausência de interpretação inteligente das disposições normativas, na confusão do essencial com o acessório, culminando, até, no mais simples, estúpido e alarve vandalismo. (...)
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