20.4.09

Os Xutos são os maiores!

Por Joaquim Letria
OS “XUTOS E PONTAPÉS” celebraram 30 anos de vida e de sucesso por dois motivos: são a melhor banda de “rock” portuguesa de sempre e os seus músicos, além de competentes, são uns gajos porreiros.
Conhecer a música dos “Xutos” e conhecê-los pessoalmente ajuda a perceber como os “Xutos” não só não acabam, como renascem com uma música adoptada pela esmagadora maioria dos portugueses.
“Sem Eira nem Beira” não é um manifesto. É um hino à necessidade de todos resistirmos à corja que está a dar cabo do que resta de Portugal.
A surpresa maior é por a cáfila da rádio e dos discos ter feito desaparecer “Os Vampiros”, com que o Zeca Afonso retratou o salazarismo e, como ninguém fala francês, não conhecem Boris Vian. Do disco rígido também apagaram o “Não posso mais”, do Abrunhosa, com que nos despedimos do cavaquismo e do Dias Loureiro.
Por estas e por outras, “Vivam os Xutos”! São os maiores!
«24 Horas» de 20 de Abril de 2009

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12 Comments:

Blogger Jack said...

Subescrevo o que acabou de escrever JL.

20 de abril de 2009 às 22:07  
Blogger Mg said...

Subscrevo!!!!

20 de abril de 2009 às 22:07  
Blogger Jack said...

Perdão, o teclado acrescentou, não sei como, um «e» à palavra subscrevo. As minhas desculpas.

20 de abril de 2009 às 22:09  
Blogger Jack said...

MG, nem me deu tempo de corrigir, Arre!

20 de abril de 2009 às 22:09  
Blogger Clotilde S. said...

Estou plenamente de acordo com o que diz, JL e congratula-me o facto de alguém nesta blogosfera se recordar do Boris Vian. É que eu sou das raras que ainda fala francês. :)

Cumprimentos,

CS

20 de abril de 2009 às 22:30  
Blogger Manuel Brás said...

Sem eira
neste campo rosado,
nem beira
num país desfasado!

Este grito musical,
de sentido protesto,
arrasa a arrogância fecal
de um desgoverno manifesto!

O mexilhão apreciador
da boa música nacional,
dos Xutos é admirador
e desta lírica sensacional!

21 de abril de 2009 às 00:01  
Blogger Bmonteiro said...

«um hino à necessidade de todos resistirmos à corja que está a dar cabo do que resta de Portugal»
Porra Joaquim.
Sorte desta gente, já não haver padres nem militares, como dizia o Aguiar.
Ou intelectuais, como a Natália: pobre país, quando os intelectuais não forem incómodos.
Nas mãos dos devoristas do século XIX, renascidos em democratas.
E ainda por cima, quase tão analfabetos como em 74.
BMonteiro

21 de abril de 2009 às 00:02  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Então, aqui fica a famosa canção «Le Deserteur», a propósito da Guerra na Argélia, tal como cantada por Boris Vian (*):

Monsieur le Président,
je vous fais une lettre,
que vous lirez peut-être,
si vous avez le temps.

Je viens de recevoir
mes papiers militaires
pour partir à la guerre
avant mercredi soir.

Monsieur le Président
je ne veux pas le faire,
je ne suis pas sur terre
pour tuer de pauvres gens.

C'est pas pour vous fâcher,
il faut que je vous dise,
ma décision est prise,
je m'en vais déserter.

Depuis que je suis né,
j'ai vu mourir mon père,
j'ai vu partir mes frères,
et pleurer mes enfants.

Ma mère a tant souffert,
qu'elle est dedans sa tombe,
et se moque des bombes,
et se moque des vers.

Quand j'étais prisonnier
on m'a volé ma femme,
on m'a volé mon âme,
et tout mon cher passé.

Demain de bon matin,
je fermerai ma porte
au nez des années mortes
j'irai sur les chemins.

Je mendierai ma vie,
sur les routes de France,
de Bretagne en Provence,
et je crierai aux gens:

refusez d'obéir,
refusez de la faire,
n'allez pas à la guerre,
refusez de partir.

S'il faut donner son sang,
allez donner le vôtre,
vous êtes bon apôtre,
monsieur le Président.

Si vous me poursuivez
prévenez vos gendarmes
que je n'aurai pas d'armes
et qu'ils pourront tirer.

______

(*) A canção foi censurada em França, pelo que a versão cantada por Moulougi (?) começava com

«Messieurs qu'on l' âme grande»
em vez de
«Monsieur le Président»

21 de abril de 2009 às 11:40  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Um pequeno reparo, contra a corrente:

Que necessidade tinham os Xutos de vir dizer que a canção nada tinha a ver com Sócrates?!

Embora dando de barato que Sócrates é tanto engenheiro como o merceeiro da loja aqui em frente, é evidente que a canção lhe é dirigida.

A coragem tem (também ou principalmente) a ver com esses pequenos "pormenores".

21 de abril de 2009 às 12:12  
Anonymous Anónimo said...

Felizmente,

para além de luar

há Letria,

Quim Zé,
de seu primeiro nome

que nos ilumina
sobre uma corja indefinida
no entanto por Ele referida


assim a modos que...
"todo mundo" excepto alguem, presumo...

quem será?

Abraço amigo

21 de abril de 2009 às 14:58  
Blogger Jack said...

É verdade! Lembro-me de ter sido dado este poema numa aula de francês, não me recordo em que ano foi, sei apenas que andava no liceu. Mer... o tempo passa depressa!

21 de abril de 2009 às 17:19  
Blogger Pedro Boavida said...

Não é o tempo que anda depressa.

Os anos é que passam depressa porque o fim do mês é que nunca mais chega.


"(Refrão)
Senhor engenheiro
Dê-me um pouco de atenção
Há dez anos que estou preso
Há trinta que sou ladrão
Não tenho eira nem beira
Mas ainda consigo ver
Quem anda na roubalheira
E quem me anda a f*der"

22 de abril de 2009 às 20:47  

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