23.7.09

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Por João Paulo Guerra

Portugal já contratou a próxima crise. Depois de bater no fundo com a crise económica, Portugal vai ao ‘De Profundis’ com uma nova crise orçamental.

NOVA OU VELHA, a do costume, a de sempre. Parece uma fatalidade, o Fado da Crise mas não é.

Em países governados com rigor e competência, dentro de estrito respeito da subordinação do poder económico ao político, as coisas não se passam bem assim. A Finlândia, um país que alguns políticos portugueses gostam de usar como exemplo quando lhes convém, passou por uma crise total bem mais grave que qualquer crise à portuguesa. Apertou o cinto, saiu da crise, recuperou e seguiu em frente. Em Portugal, como se aperta sempre e só o cinto de quem já não tem mais cintura para apertar, as coisas não saem da cepa torta.

E continuando a citar o grato exemplo da Finlândia, o director de programas mundiais do Banco Mundial demonstrou, em Agosto de 2005, que o desenvolvimento português tem vindo a ser travado pela corrupção e que, controlando a corrupção, Portugal podia estar ao nível de desenvolvimento... da Finlândia, o país europeu com maior nível de confiança nas instituições. A distância entre a Finlândia e Portugal é a que vai dos mil lagos aos cento e um pântanos. O estendal de suspeitas de delinquência económica e financeira, de negociatas ruinosas para os cofres do Estado e o bolso dos contribuintes, as permanentes obras a mais e as inevitáveis derrapagens orçamentais não explicam todos os constantes desastres das contas públicas em Portugal. Mas dão uma contribuição poderosa.

De maneira que Portugal nem dará pela saída da crise económica pois já estará metido na seguinte crise orçamental. A menos que "a lua estoire e o sono estale" ou outra coisa qualquer.

«DE» de 23 de Julho de 2009

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