Sete anos depois
Por Alice Vieira
VIVI EM CASCAIS alguns dos melhores anos da minha vida. Anos que me marcaram profundamente: escrevi uma peça para o TEC e acompanhei os ensaios e todo o trabalho do teatro; escrevi um livro sobre a história da vila, que me fez praticamente “viver” meses na lindíssima biblioteca do Museu Castro Guimarães; entrevistei meio mundo para o “DN” ; corri as escolas todas da terra - e ainda tinha tempo para ouvir as histórias que o Sr. António, do bar da Praia da Duquesa, tinha para me contar de manhãzinha, quando eu acabava a volta pelo paredão e a freguesia ainda não tinha chegado.
Lisboa ficava no final da linha do comboio, que eu apanhava às 9 para ir para o jornal, e aonde regressava pelas sete da tarde.
A vila era luminosa, passeava-se pelas suas ruas, havia espaço para as pessoas.
Mas para mim os lugares nunca valem só por si: estão sempre intimamente ligados às pessoas que neles vivem comigo. E eu, que me gabo de ser racional, cabeça fria, pés na terra, a partir do momento em que a minha vida afectiva se desfez — fiquei absolutamente incapaz de voltar à vila.
Há sete anos que não entro naquela casa.
Há sete anos que não entrava em Cascais.
Até ontem. (...)
VIVI EM CASCAIS alguns dos melhores anos da minha vida. Anos que me marcaram profundamente: escrevi uma peça para o TEC e acompanhei os ensaios e todo o trabalho do teatro; escrevi um livro sobre a história da vila, que me fez praticamente “viver” meses na lindíssima biblioteca do Museu Castro Guimarães; entrevistei meio mundo para o “DN” ; corri as escolas todas da terra - e ainda tinha tempo para ouvir as histórias que o Sr. António, do bar da Praia da Duquesa, tinha para me contar de manhãzinha, quando eu acabava a volta pelo paredão e a freguesia ainda não tinha chegado.
Lisboa ficava no final da linha do comboio, que eu apanhava às 9 para ir para o jornal, e aonde regressava pelas sete da tarde.
A vila era luminosa, passeava-se pelas suas ruas, havia espaço para as pessoas.
Mas para mim os lugares nunca valem só por si: estão sempre intimamente ligados às pessoas que neles vivem comigo. E eu, que me gabo de ser racional, cabeça fria, pés na terra, a partir do momento em que a minha vida afectiva se desfez — fiquei absolutamente incapaz de voltar à vila.
Há sete anos que não entro naquela casa.
Há sete anos que não entrava em Cascais.
Até ontem. (...)
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