6.7.09

Sete anos depois

Por Alice Vieira

VIVI EM CASCAIS alguns dos melhores anos da minha vida. Anos que me marcaram profundamente: escrevi uma peça para o TEC e acompanhei os ensaios e todo o trabalho do teatro; escrevi um livro sobre a história da vila, que me fez praticamente “viver” meses na lindíssima biblioteca do Museu Castro Guimarães; entrevistei meio mundo para o “DN” ; corri as escolas todas da terra - e ainda tinha tempo para ouvir as histórias que o Sr. António, do bar da Praia da Duquesa, tinha para me contar de manhãzinha, quando eu acabava a volta pelo paredão e a freguesia ainda não tinha chegado.

Lisboa ficava no final da linha do comboio, que eu apanhava às 9 para ir para o jornal, e aonde regressava pelas sete da tarde.

A vila era luminosa, passeava-se pelas suas ruas, havia espaço para as pessoas.

Mas para mim os lugares nunca valem só por si: estão sempre intimamente ligados às pessoas que neles vivem comigo. E eu, que me gabo de ser racional, cabeça fria, pés na terra, a partir do momento em que a minha vida afectiva se desfez — fiquei absolutamente incapaz de voltar à vila.
Há sete anos que não entro naquela casa.

Há sete anos que não entrava em Cascais.

Até ontem. (...)
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