Grato ao bastonário
Por Joaquim Letria
O BASTONÁRIO DA ORDEM dos Médicos exige provas e testes aos 40 cubanos que o Ministério da Saúde mandou vir para fazer face à falta de médicos portugueses. A intenção dele é, com certeza, proteger o negócio da classe e cuidar da saúde dos portugueses.
O bastonário, oftalmologista com concursos de acesso e de saída na especialidade, ia desperdiçar uma oportunidade destas para exigir o escrutínio dos colegas de Havana e Santiago?!
Aplaudo-o se ele vier a exigir-lhes também uma prova de seguros, especialidade em que o nosso bastonário se tornou famoso em Espanha. E aproveitando a vaga das novas oportunidades, bem se pode pedir a um destes cubanos para explicar ao nosso bastonário como é que tratam e operam os doentes da filária e de outros males piores, em África, e têm resolvido a contento todos os casos que os municípios portugueses lhes enviam, sem cegarem ninguém. Saber não ocupa lugar…
Não tenho razão de queixa destes médicos estrangeiros que estão cá a ajudar os portugueses. Fui visto por uma simpática uruguaia no Hospital de Almada. Viu-me atenciosamente, fez o diagnóstico, medicou-me a preceito, mandou-me saudável para casa, falámos de Montevideu e não me vendeu nenhum seguro. Já me garantiram que, à mercê dos nossos industriais da medicina, estes estrangeiros nem ajudas de custo recebem. São médicos por vocação...
O BASTONÁRIO DA ORDEM dos Médicos exige provas e testes aos 40 cubanos que o Ministério da Saúde mandou vir para fazer face à falta de médicos portugueses. A intenção dele é, com certeza, proteger o negócio da classe e cuidar da saúde dos portugueses.
O bastonário, oftalmologista com concursos de acesso e de saída na especialidade, ia desperdiçar uma oportunidade destas para exigir o escrutínio dos colegas de Havana e Santiago?!
Aplaudo-o se ele vier a exigir-lhes também uma prova de seguros, especialidade em que o nosso bastonário se tornou famoso em Espanha. E aproveitando a vaga das novas oportunidades, bem se pode pedir a um destes cubanos para explicar ao nosso bastonário como é que tratam e operam os doentes da filária e de outros males piores, em África, e têm resolvido a contento todos os casos que os municípios portugueses lhes enviam, sem cegarem ninguém. Saber não ocupa lugar…
Não tenho razão de queixa destes médicos estrangeiros que estão cá a ajudar os portugueses. Fui visto por uma simpática uruguaia no Hospital de Almada. Viu-me atenciosamente, fez o diagnóstico, medicou-me a preceito, mandou-me saudável para casa, falámos de Montevideu e não me vendeu nenhum seguro. Já me garantiram que, à mercê dos nossos industriais da medicina, estes estrangeiros nem ajudas de custo recebem. São médicos por vocação...
«24 horas» de 17 de Agosto de 2009
Etiquetas: JL
5 Comments:
São médicos por vocação que saem do seu país com o único intuito de ajudar os outros.
Assim como os nosso vão para França ou para a Suíça trabalhar na construção civil - por amor à construção e para ajudar aquela gente que precisa de casa...
O corporativismo da classe médica será porventura paradigmático e não serão sempre nobres as razões que o movem. Mas também é verdade que se acaso começarem a chegar médicos sem escrutínio, ou com diplomas por correspondência, e algum dia houver um problema sério, toda a gente vai bradar aos céus: "como foi possível autorizar-se isto?"... Seria bom haver equilíbrio...
Há tempos recorri a uma reputada clínica privada, onde fui atendido por um médico cubano. Além de simpático, falando já razoavelmente o português, tratou bem do mal que ali me levou.
Há um par de semanas, recorri às urgências do Hospital de Lagos, onde fui rapidamente atendido por um desses médicos "importados".
Ele fez o diagnóstico correcto, dando início ao tratamento - também correcto, pois veio a ser confirmado e continuado, já em Lisboa, pelo meu médico de família.
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No mesmo hospital de Lagos - recorde-se - morreram há um par de anos, e como poucas horas de intervalo, duas pessoas no seguimento de anestesias.
Num dos casos, tratava-se da remoção de um quisto...
A Ordem dos Médicos defendeu os intervenientes (que, por sinal, não eram desses "importados"), mas o hospital esteve fechado durante muito tempo - e bem.
Nunca se ficou a saber exactamente o que é que correu mal e de quem foi a culpa.
Mas ficou-se com a ideia (injusta ou não) que a O.M. foi mais lesta a defender os seus associados do que as vítimas...
Mas as Ordens, mormente a dos Médicos, não são Corporações?
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