29.9.09

Dia seguinte

Por João Paulo Guerra

Em geral ninguém perde eleições em Portugal. Em cada derrota há a miragem de uma pequena vitória moral que disfarça o amargo de boca dos resultados. Mas nestas eleições – e estou a escrever por antecipação na sexta-feira – houve um claro derrotado, quer queira, quer não. Com a agravante que o derrotado vai ter que assumir a responsabilidade da gestão de uma situação política e institucional eventualmente periclitante. Estará porventura periclitante a governabilidade em Portugal? Não se trata tão só da governabilidade mas, neste caso, também da honra e da dignidade de um cargo.

PORQUE SERIA QUE O DR. ALMEIDA SANTOS, presidente do PS, fez questão de declarar que o “caso das escutas” não ameaça as relações entre Belém e São Bento? Muito provavelmente porque ameaça. Sabe-se como são estas coisas em política. O PS pensa que o caso ameaça as relações entre São Bento e Belém mas quer passar a mensagem de que não se sente ameaçado. Um bluff. E se isto não é uma ameaça, é pelo menos um alerta laranja. De futuro, nas relações institucionais entre Belém e São Bento cada uma das partes poderá pensar onde estará o microfone, a ‘candid camera’, como se os assuntos de Estado fossem um caso para os “apanhados”. Ou seja, está instalada a desconfiança.

O Prof. Marcelo também já antecipou o seu receio que hoje, dia 28, tenham começado ou venham a começar os remoques do partido do governo à chefia do Estado. Porquê? Porque o Prof. Marcelo está mesmo a ver que isso vai acontecer, com risco para o “fusível da democracia portuguesa”. As palavras traem o vocabulário dos grupos e a utilização do termo “fusível” – susceptível de fundir-se, segundo os dicionários - para designar o chefe de Estado não é uma simples metáfora.

«DE» de 28 de Setembro de 2009

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1 Comments:

Blogger Mentiroso said...

Afinal, não houve dignidade nenhuma no discurso do presidente. Eu a pensar que ele tinha mudado para melhor e era mais digno e aceitável do que quando permitiu a sua quadrilha mafiosa (não é de cerer que ele mesmo o tenha feito) roubar, distribuir pelos amigos, esbanjar e pôr em circulação o restante dos fundos comunitários que os seus governos receberam para tirar Portugal do atraso que tinha. Com o que pôs em circulação convenceram-se todos os parvos que já não era mais preciso trabalhar, que ficaram todos ricos com a entrada na UE. Foi para o governo com as contas em dia e deixou um profundo défice e inflação. No fim premiou os seus eleitores deixando-lhes uma bomba relógio: a redução das vagas para medicina, que geraram a falta de médicos e mataram o pessoal que nele votou parvamente.

[Cavaco, escrito na altura da sua eleição.]

O atraso antes do 25 de Abril era de pouco mais de 20 anos; segundo o Eurostat, há uns dois anos, era de mais de 52. Os lorpas agradeceram elegendo o carrasco que os atirou para a miséria.

Afinal, o que dizia aqui ao princípio é un engano e se mudou foi para pior. Apareceu-nos agora, depois de se ter calado estupidmente ou com sofisma maldosa quando devia ter falado logo. Fala-nos claramente com o único intuito de se defender e não tão claramente sobre o verdadeiro assunto de fundo: as escutas. Pensará que os lorpas comem tudo como dantes? Claro que os lorpas continuam cá ou os seus descendentes e herdeiros da «lorpice», mas o jogo é outro, o assunto e a «lorpice» diferentes.

Em lugar de esclarecer veio embrulhar tudo, atirou acusações ao ar e ao acaso, não especificou nada e ficou tudo pior que antes de ter falado. Dá a sensação de estar a prepar algum golpe baixo, de cobarde, que havia de ser? O futuro próximo no-lo dirá.

30 de setembro de 2009 às 00:35  

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