Mais que todos
Por Joaquim Letria
O CARDEAL, os bispos católicos todos juntos, mais os pastores e os evangelistas das outras igrejas cristãs, com a ajuda dos rabis judaicos, não fizeram metade do que fez José Saramago, sózinho, para levar os portugueses a lerem a Bíblia.
A questão mais importante da dialéctica entre a fé e a razão, despojada de retórica e com alguma graça, é aquilo que mais se encontra e nos pode surpreender neste livro mordaz, com um deus possível descrito por um escritor ateu, como o nosso Prémio Nobel. Mas partindo-se do princípio de que leram “Caim”, os críticos de Saramago não colocam a menor pergunta de ética ou de fé, preferindo dissertar acerca das coisas que Caim pronuncia sobre o Deus do Velho Testamento e deixando-nos a suspeita que nem abriram o livro. Os temas bíblicos são recorrentes na obra de Saramago, manifestando o escritor uma cíclica preocupação com o divino.
Pode ser que me engane, mas duvido que os católicos que eu conheço saibam a Bíblia melhor do que Saramago, a começar por aqueles que sobre ele e o seu livro “Caim” mandam vir, como se fossem devotos de eleição, portugueses de gema e intelectuais do maior gabarito. A começar por aquele ridículo deputado que recomendou a Saramago que abandonasse a nacionalidade. Que Deus lhe perdoe!
O CARDEAL, os bispos católicos todos juntos, mais os pastores e os evangelistas das outras igrejas cristãs, com a ajuda dos rabis judaicos, não fizeram metade do que fez José Saramago, sózinho, para levar os portugueses a lerem a Bíblia.
A questão mais importante da dialéctica entre a fé e a razão, despojada de retórica e com alguma graça, é aquilo que mais se encontra e nos pode surpreender neste livro mordaz, com um deus possível descrito por um escritor ateu, como o nosso Prémio Nobel. Mas partindo-se do princípio de que leram “Caim”, os críticos de Saramago não colocam a menor pergunta de ética ou de fé, preferindo dissertar acerca das coisas que Caim pronuncia sobre o Deus do Velho Testamento e deixando-nos a suspeita que nem abriram o livro. Os temas bíblicos são recorrentes na obra de Saramago, manifestando o escritor uma cíclica preocupação com o divino.
Pode ser que me engane, mas duvido que os católicos que eu conheço saibam a Bíblia melhor do que Saramago, a começar por aqueles que sobre ele e o seu livro “Caim” mandam vir, como se fossem devotos de eleição, portugueses de gema e intelectuais do maior gabarito. A começar por aquele ridículo deputado que recomendou a Saramago que abandonasse a nacionalidade. Que Deus lhe perdoe!
«24 horas» de 25 de Novembro de 2009
Etiquetas: JL
3 Comments:
Amen!
Em tempos, e por várias vezes, eu já tinha pegado na Bíblia, mas ficava-me sempre pelo princípio (o Génesis e o Êxodo).
Graças ao Saramago, decidi lê-la toda, e já vou na pág. 400 ("Reis").
Tem partes interessantíssimas:
As histórias de Josué, de Saúl de David, de Betsabé, de Absalão, de Salomão...
Eu também quero ler a Bíblia quando tiver tempo, ou seja, daqui a umas centenas de anos.
É que há outras prioridades muito mais interessantes. Interessantíssimas!...
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