As benfazejas fundações

Por Joaquim Letria

O PROF. FREITAS DO AMARAL ganha, honestamente, a sua vida, convertendo o seu saber indiscutível das leis em doutos pareceres e estudos, nos quais caldeia os seus conhecimentos da racionalidade de séculos de Direito com o bom senso da sua superior experiência de vida.
Há quatro meses que o Prof. Freitas do Amaral terminou o projecto duma nova lei estatutária das fundações, a qual nos faz muita falta porque se há coisas que germinam em profusão na nossa bem amada Pátria são fundações.
Conhecedor da maldade dos homens, o Prof. Freitas do Amaral, a pedido do governo, quer precaver a possibilidade de alguém imaginar que as fundações servem para fugir ao fisco e escamotear receitas, algo que nunca passou pela cabeça de nenhum dos seus emblemáticos beneficiários.
Dizem os mal formados que são poucas as fundações que se criaram para bem fazerem, como a Gulbenkian, por exemplo, e que, com excepção de quatro ou cinco outras, já está tudo a estudar a hipótese de passarem a ONGs e dedicarem-se a viúvas, órfãos e refugiados, espécies humanas muito rentáveis, ao longo da História.

«24 horas» de 15 Mar 10