“Mazurka”e “icebergs”
Por Joaquim Letria
A GENTE PODE ir ao fundo, mas vamos com a orquestra a tocar, como no Titanic, isso nos garante este governo que ainda não percebeu o que se está a passar.
Verdade se diga que também na Europa se não compreende muito bem o que está a acontecer em Portugal.
Ainda há poucos dias dizia um distinto diplomata estrangeiro a um amigo meu "que é incompreensível o modo como Portugal se está a afastar da Europa e dos países mais civilizados, com os quais chegou a ter relações privilegiadas ainda não há muito tempo”. E ele conhece Portugal há mais de 40 anos.
Esse diplomata fez questão de explicar: “Não é só descer de nível em quase tudo, é também a falta de verdade e a maneira como Portugal põe em causa elementos vitais da democracia, como a separação dos poderes, o respeito pelo poder económico e pelo poder político, a dignidade das instituições, a independência dos tribunais, o respeito pela cidadania, a seriedade com os dinheiros públicos”.
Ou me engano muito, ou isto não é uma “polka”. Posso ouvir mal, mas estamos a afundar-nos ao som duma “mazurka”, daquelas apropriadas para choques de grandes navios contra os “icebergs” da Cova da Beira.
«24 horas» de 6 Mai 10
A GENTE PODE ir ao fundo, mas vamos com a orquestra a tocar, como no Titanic, isso nos garante este governo que ainda não percebeu o que se está a passar.
Verdade se diga que também na Europa se não compreende muito bem o que está a acontecer em Portugal.
Ainda há poucos dias dizia um distinto diplomata estrangeiro a um amigo meu "que é incompreensível o modo como Portugal se está a afastar da Europa e dos países mais civilizados, com os quais chegou a ter relações privilegiadas ainda não há muito tempo”. E ele conhece Portugal há mais de 40 anos.
Esse diplomata fez questão de explicar: “Não é só descer de nível em quase tudo, é também a falta de verdade e a maneira como Portugal põe em causa elementos vitais da democracia, como a separação dos poderes, o respeito pelo poder económico e pelo poder político, a dignidade das instituições, a independência dos tribunais, o respeito pela cidadania, a seriedade com os dinheiros públicos”.
Ou me engano muito, ou isto não é uma “polka”. Posso ouvir mal, mas estamos a afundar-nos ao som duma “mazurka”, daquelas apropriadas para choques de grandes navios contra os “icebergs” da Cova da Beira.
5 Comments:
Resumindo, estamos rodeados de icebergs e o timoneiro é cego.
Quanto à musica, é a chula do centrão, meu caro Joaquim letria.
Bom... o timoneiro é cego e mouco mas, a marinhagem... talvez não mereça melhor...
No fim... lixa-se o navio e, se a malta não lança mão dos remos... acaba por se afundar tudo...
Impressionante, como quem está de fora vê claramente visto o que entre nós, da governança ao maralhal, quase ninguém quer ver.
Ou parecemos ou somos um país absurdo. A minha única esperança é que, pelo que me dizem os que julgam saber de história (história tem o nome com ela, não é?...), há mais de 800 anos que somos assim...
Mas os "governadeiros" da última década têm suplantado tudo o que eu julgava possível. Como fazer-lhes perceber que são radicalmente incompetentes. Será possível?
Diz bem, José Batista. O maior problema está, em não querer ver.
E este "não querer ver", pode ter diferentes razões de ser.
Incapacidade para fazer melhor, mesmo "vendo" que se está a fazer mal.
Impossibilidade de fazer melhor, mesmo "vendo" que se está a fazer mal.
Despotismo, orgulho, inépcia, vedetismo, inércia e vaidade, são só meia-dúzia de substantivos que caracterizam este tipo de cegueira.
Ou então o "rabo preso" é já tão grande que por muito que se advirta para a loucura dos grandes investimentos, já não há volta a dar - não se vão zangar as comadres.
Com Cavaco Silva, Pedro Passos e toda a oposição, antigos ministros das finanças, empresários e economistas de toda a ordem e agora, até Constâncio a dizer que seria melhor repensar as grandes obras, o mais simples e acertado para o governo seria mesmo tomar essa decisão, se o não faz é porque algo muito mal cheiroso tentam esconder a todo o custo.
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