É UM VELHO truque, mas que nos faz matutar: quando alguém quer escrever sobre política nacional e não sabe o que há-de dizer, vai ler - e em seguida transcreve, por vezes ipsis verbis - Eça de Queirós. E não admira, pois está lá tudo: o descalabro das contas públicas, o défice, o endividamento externo, os sucessivos aumentos de impostos, o descrédito do Parlamento, os insultos entre deputados, os partidos 'alternantes', a emigração, as promessas rapidamente esquecidas, a Oposição que faz o mesmo que o Governo assim que chega ao poder, a corrupção sempre impune, os discursos-da-treta...
-(*) A obra é a compilação das contribuições de Eça para As Farpas (entre Junho de 1871 e Outubro de 1872). Logo a seguir ao que aqui se lê, o autor conta que El-rei D. Pedro V («um grave e fino espírito, e por vezes um subtil humorista») tinha um livro, intitulado A Grécia Contemporânea, que se entretivera a anotar: «Onde estavam nomes dos estadistas da Grécia, o rei punha os nomes correspondentes dos homens públicos de Portugal» - e batia tudo certo...
2 Comments:
"Logo que na ordem económica não haja um balanço exacto de forças, de produção, de salários, de trabalhos, de beneficios, de impostos, haverá uma aristocracia financeira, que cresce, reluz, engorda, incha, e ao mesmo tempo uma democracia de produtores que emagrece, definha e dissipa-se nos proletariados."(...)
(Eça de Queiroz em prosas bárbaras - O Miantonomah)
Mas a moda é ler e seguir Keynes :-(
Pois... Os textos de Eça que se mantêm 200% actuais são mais do que muitos!
Limitei-me a escolher este por falar da nossa "irmã Grécia" e por coincidir com o início da "Campanha (de) Alegre"...
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