2.6.10

Apoio sem tibiezas

Por Alfredo Barroso

SOU REPUBLICANO,
socialista e laico. Seria inconcebível eu apoiar um candidato a Belém que não preenchesse essas três características. Acho que o PS fez muito bem em declarar um apoio inequívoco e sem tibiezas ao candidato Manuel Alegre. Poderia ser outro o candidato apoiado pelo PS? Claro que sim. Mas nenhum dos nomes aventados teve coragem política para avançar. Coragem que não faltou a Manuel Alegre e tornou incontornável a sua candidatura. Não haverá unanimidade de opiniões dentro do PS? Também não a houve em 1986, quando Soares, Zenha e Pintassilgo dividiram o eleitorado socialista. Soares passou à 2ª volta apenas com metade dos votos (25,43 %) da esquerda, mas fez o pleno e derrotou Freitas do Amaral.

Cavaco Silva, provável (re)candidato da direita, será republicano, mas não é socialista e duvido que seja laico. Não serve. Fernando Nobre, um epifenómeno político oriundo do vazio ideológico, diz que é monárquico, politicamente saltita e talvez seja laico. Também não serve. Convém que a esquerda perceba a importância de votar em Manuel Alegre, para evitar a hegemonia do poder pela direita, que já prepara o seu regresso, mais neoliberal e reaccionária do que nunca.

«DN» de 1 Jun 10. NOTA (CMR): este e outros textos de Alfredo Barroso estão afixados no seu blogue Traço Grosso.

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6 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em 2006, a escolha era claramente em termos de "esquerda / direita", pelo que muita gente votou em M. Alegre quando ficou claro que era quem estava melhor posicionado para o grande objectivo da esquerda: "derrotar Cavaco Silva".

Mas hoje, com a crise e as medidas de austeridade (as que já aí estão e as que hão-de vir), o critério de escolha "fia mais fino", pelo que a posição dos candidatos face a elas deverá pesar - e de que maneira!

A posição de Alegre face a essas medidas parece empurrá-lo para uma contradição, nesse aspecto fundamental, entre as posições do PS e do BE.

Julgo que, em 2011, será mais importante para o eleitorado que os candidatos tenham ideias claras sobre esse assunto do que o facto de serem de esquerda ou de direita.

2 de junho de 2010 às 14:04  
Blogger Bartolomeu said...

Alfredo Barroso, continua a ser o sobrinho indómito, indo mais uma vez, de encontro às opiniões do ex-presidente da república.
Em abono da verdade, não consegui entender a oposição de Mário Soares ao apoio dado pelo PS, à candidatura de Manuel Alegre.
Quanto à classificação que dá ao candidato Fernando Nobre... "epifenómeno", não a entendi também, epifenómeno de quê, Dr. Alfredo Barroso?
Por outro lado, parece-me que ao afirmar-se monarquico, torna-se automáticamente, o candidato ideal e mais coerentemente de acordo com o cargo a que se candidata.
Sabe o Dr. Alfredo Barroso e sei eu, apesar de o Dr. Alfredo Barroso, não conhecer o motivo porque eu sei, que a partir de Ramalho Eanes, a presidência continuou a ser da república, por mero formalismo institucional.
Sabe o Dr. Alfredo Barroso, de uma forma muito precisa, que ao presidente da república, cabe somente o papel representativo, que só o será efectivamente, se a "máquina" que lhe dá apoio, lhe souber "promover" a imagem, conferindo-lhe precisamente o ar de rei que tanto agrada às populações, quando o vêm chegar.
Mas todas essas festas e "carinhos" custam os olhos da cara ao povinho. E o Dr. Alfredo Barroso, sabe-o melhor que ninguem.
A grande questão que se põe (a mim, pelo menos)é: chegaremos a ter um presidente da república que consiga ser um rei modesto? não gastador? que viaje o estritamente necessário e que, em cada viagem ao estrangeiro, ou "cá dentro" poupe, tanto em estadias, como em banquetes, como em número de convidados (alguns que até fazem frete para comparecer)? Teremos algum dia um presidente da república que abdique de se deslocar em carros topo-de-gama e que proíba o seu chefe da casa civil e os seus assessores de o fazerem também? Teremos um dia um presidente da república que cumpra as promessas eleitorais? Teremos um dia um presidente da república que olhe para o povo para quem discursa, a quem pede o voto, a quem promete que tudo fará para que se respeite a constituição e que a democracia seja garantida, e o veja como igual?

2 de junho de 2010 às 14:30  
Blogger GMaciel said...

Os nossos ideais são, de facto, importantes nas várias escolhas a que somos chamados, mas torna-se perigoso fazê-las com base nos rótulos que, displicentemente, temos o hábito de atribuir quase a esmo, apenas porque...

Entre um rótulo, que impõe uma imagem, e a verdade do mesmo, há um abismo que muitos não querem ver em nome das ideologias atribuidas ao dito.

Confusos? Eu não!

2 de junho de 2010 às 16:00  
Blogger Sepúlveda said...

É isso! Não vamos permitir a hegemonia da direita.
Ups! O Sócrates está lá outra vez e quer privatizar os CTT, a ANA, a TAP e mais coisas.
Já percebo a escolha socialista para um PR: é para contrabalançar com o governo não socialista que temos, apesar da bandeira da rosa.
(falsos idiologismos)

3 de junho de 2010 às 11:18  
Blogger José Batista said...

Sem tibiezas...
Ou sem tíbias nem perónios, isto é, sem pernas?
Não sei não. O PR actual é uma desilusão (para os que estavam iludidos), e Manuel Alegre torna-se candidato do que chama esquerda, seja lá isso o que for, e de alguns que defendem o seu contrário.
Mas até seria capaz de lhe dar o meu voto, se renunciasse à pensão que aufere, por ter trabalhado parcos mesitos na radiodifusão. A isso chamaria eu sublime honradez, coragem e solidariedade. Agora fazer (bons) versos e ter enorme apetite por um alto cargo/função não (me) basta... Ainda para mais vivendo eu o calvário da docência no ensino secundário...
Ná...

3 de junho de 2010 às 12:07  
Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Em breve os leitores do 'Sorumbático' poderão colocar as suas questões directamente a Manuel Alegre.

Será criado um 'post' especialmente para esse efeito.

3 de junho de 2010 às 20:27  

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