Revista de carros, 28 de Setembro de 1974
Fotografias de António Barreto- APPh
Foi o primeiro grande “apertão” da revolução que, gradualmente, deixava de ser democrática para se ir tornando socialista e comunista. Naquele dia, além de centenas de prisões sem culpa, foram feitas barricadas em vários pontos do país, especialmente Lisboa. Civis e militares colaboravam na revista, nesta imagem na Calçada de Carriche. Procuravam-se “bandidos” e “armas”. Neste sítio, ao fim do dia, os “vigilantes” tinham feito um espólio, que também fotografei: três varapaus, duas mocas, um cassetete, três garrafas de litro vazias (seria para fazer cocktails Molotov?), duas facas, um canivete de média dimensão e uma correia de bicicleta. Era com este armamento que a contra-revolução estava em marcha! (1974)
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4 Comments:
Mais tarde, e parece-me que comandado pelo outro lado do espectro político, houve uma tentativa de revolução com pregos. Portugal é muito inventivo.
É verdade P Amorim. Se não estou em erro foi no tempo de um governo de Sá Carneiro, com Ângelo Correia no Ministério da Administração Interna. Foi ele que se referiu ao perigo de uma insurreição e quando questionado sobre que objectos materiais teriam sito confiscados que suportassem a suspeita, referiu sorridente... os pregos.
Creio que houve então quem lhe chamasse o Ministro da Insurreição dos Pregos.
E desde então, aquela personalidade tornou-se um "barão" político muito respeitável, políticamente tão fatal como um qualquer Dâmaso Salcede com as senhoras...
E a "evolução" não nos tem trazido melhores "espécimes".
Vá lá que ao menos sempre vão tratando bem da vidinha (própria), senão, em Portugal havia só pobretanas, como eu e tantos...
Regressado de férias, no Algarve, com a mulher e dois filhotes,também fui apanhado na portagem de Sacavém. Militares e civis (um dos quais muito conhecido), mas não levava mocas, garrafas vazias, canivetes e outras armas, pelo que passei a barreira sem problemas de maior.
Quanto ao facto de, nas barricadas, não se terem encontrado armas, é natural que assim fosse. Ou porque não as havia, ou porque, nesse dia, a ninguém lembraria trazê-las, pois desde manhã cedo que toda a gente sabia que ia haver barricadas e revistas aos carros.
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A situação político-militar, nessa altura, era complicada e, para a esquerda, tinha aspectos muito preocupantes:
Pouco antes, Pinochet tinha chegado ao poder no Chile, e havia a ideia muito generalizada de que em Portugal poderia suceder o mesmo.
Nessa época, e até bastante depois, falava-se em fuzilamentos como hoje se fala de futebol.
E, como se sabe, ainda morreu muita gente (bombardeamento do Ralis, bombas, assaltos a sedes partidárias, etc)
E parecia não faltarem voluntários para golpes «à Pinochet», a começar por Galvão de Melo, do Conselho da Revolução (que defendeu os Pides e que, mais tarde, confessou que tinha aderido à Revolução para a sabotar) até Spínola, passando por mais alguns bem conhecidos.
Spínola pretendia uma grande manifestação de apoio (a famigerada "maioria silenciosa", que encheu Lisboa de cartazes sinistros), na Praça do Império, e sabe-se como ele era adepto de soluções musculadas: veio a prová-lo à saciedade no 11 de Março seguinte (com morte de gente...), na criação de movimentos armados clandestinos de extrema-direita (a partir de Espanha, para onde tinha fugido de helicóptero), etc.
Ainda 1 ou 2 dias antes do 28 de Setembro houve a famosa tourada no Campo Pequeno, que se traduziu numa manifestação de apoio a Spínola e de incitamento claro a um golpe de direita.
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