Perdido na tradução
QUANDO me deparei com o erro que se pode ver no primeiro recorte, ainda pensei que se tratasse de uma gralha - entre muitas outras que o livro tem - que tivesse escapado à revisão. Mas deve ter sido mais do que isso, tendo em conta o que se lê em baixo (num outro capítulo). Aí, e dado que o autor é Alexandre Dumas, deve ter sido o tradutor que se excedeu em "criatividade"! Porque é que se diz isso?
9 Comments:
Este comentário foi removido pelo autor.
O tradutor devia ser surdo ("não se houve nada") e cego, pois deveria ter escrito çaído e não caído.
A sério: isto não pode ser da tradução, mas também não vejo como é que o "tipógrafo" foi escrever daquele modo.
E, ainda, foi ele quem disse o que é dito que disse, naquele tempo verbal?
Eu não tenho acesso ao original do livro («Os 1001 Fantasmas») mas, pelo que percebi, Dumas refere-se a Sant Etiènne (que é como os franceses chamam a Santo Estêvão.
Esse desgraçado foi lapidado, tendo Saulo (futuro S. Paulo) tomado conta das túnicas dos executantes da sentença.
O tradutor, além de ter mudado o sexo do proto-mártir, ainda converteu Paulo em ladrão ('guardou' foi traduzido por 'roubou').
Não contente com tanta blasfémia, ainda o enforcou (punição que não era habitual em Roma). De facto, S. Paulo foi decapitado, mais ou menos na altura em que S. Pedro foi crucificado.
Noutro capítulo do livro (que aqui se omite, para não enjoar), as barras da forca são referidas como barras para crucificação (em França!). No entanto, algumas páginas à frente, essas mesmas barras são usadas para as cordas da forca (o que está correcto).
Eros e ignorâncioa a mais para um tradutor. E a editora, quem contratou para a tarefa?
A Editora é Amigos do Livro, editores. O nome do tradutor é indicado sob a estranha forma:
«Tradução revista por Pedro Reis»
Há ainda outro erro, desta feita histórico. O apóstolo Paulo só passou a chamar-se assim depois de convertido, até aí chamava-se Saulo.
Em relação aos erros de tradução, infelizmente já vai sendo hábito depararmo-nos com erros grosseiros, quer ortográficos - ainda antes do novo acordo - quer de sintaxe, isto para não falar nas famigeradas e banais duplas negações - que se tornaram regra aparentemente. Muitas vezes tenho vontade de deitar o livro traduzido no lixo, tal o desconsolo.
Quanto à criatividade, não terá a ver com a frase, "traduttore, tradittore"??
Gostaria de ter mais informações sobre a edição mencionada. Possuo a de outubro de 1945, da Livraria Martins - São Paulo, em tradução de João Nery Guimarães.
Newton C
Este 'post' foi afixado há - exactamente! - 2 anos, e já não tenho comigo o livro.
Assim, lamento não lhe poder ser últil...
Abraço
CMR
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