Agradecimento
Por João Paulo Guerra
JOSÉ SÓCRATES ganhou as eleições com maioria absoluta, em Fevereiro de 2005, e difícil seria não ganhar concorrendo contra Santana “F’Lopes”. Reinava a euforia e ninguém falou em crise nesses tempos. Mas as más notícias não tardaram. Em Maio, o governador do Banco de Portugal avisou que seria necessário explicar que o Governo não poderia cumprir algumas das suas promessas e que, pelo contrário, vinham aí congelamentos de promoções, cortes nas despesas sociais, aumentos de impostos.
Um ano depois, com a eleição de Cavaco Silva, Sócrates ganhou um guarda-costas para uma política de crescente austeridade para os do costume, os mais pobres, os assalariados, a classe média. Entretanto, o dinheiro barato da Europa rendia milhares de milhões "reemprestados" em Portugal, onde os portugueses eram empurrados para a euforia do crédito e do consumo. Foram esses milhares de milhões, a par dos casos conhecidos de delinquência financeira, que geraram a crise da dívida.
Por outro lado, o calendário anunciava um ciclo de quatro eleições, até 2009, e se era certo que tanta democracia iria custar ao país 100 milhões, não era menos verdade que as promessas eleitorais continuavam de borla. E foi assim que Sócrates foi reeleito, embora perdendo a maioria absoluta, no auge de um eufórico ciclo eleitoral durante o qual anunciou, solenemente, no Verão de 2009, "o princípio do fim da crise" - tal como Santana Lopes proclamara em 2004 o "fim da austeridade".
A reeleição de Cavaco Silva, há dois meses, foi o acto final da peça. Eleito e reeleito, Cavaco não perdeu tempo desta vez e prepara-se para avançar para o velho sonho da Direita: um Presidente, uma maioria, um Governo. Será da mais elementar cortesia e justiça que Cavaco Silva não se esqueça de agradecer a José Sócrates.
«DE» de 24 Mar 11JOSÉ SÓCRATES ganhou as eleições com maioria absoluta, em Fevereiro de 2005, e difícil seria não ganhar concorrendo contra Santana “F’Lopes”. Reinava a euforia e ninguém falou em crise nesses tempos. Mas as más notícias não tardaram. Em Maio, o governador do Banco de Portugal avisou que seria necessário explicar que o Governo não poderia cumprir algumas das suas promessas e que, pelo contrário, vinham aí congelamentos de promoções, cortes nas despesas sociais, aumentos de impostos.
Um ano depois, com a eleição de Cavaco Silva, Sócrates ganhou um guarda-costas para uma política de crescente austeridade para os do costume, os mais pobres, os assalariados, a classe média. Entretanto, o dinheiro barato da Europa rendia milhares de milhões "reemprestados" em Portugal, onde os portugueses eram empurrados para a euforia do crédito e do consumo. Foram esses milhares de milhões, a par dos casos conhecidos de delinquência financeira, que geraram a crise da dívida.
Por outro lado, o calendário anunciava um ciclo de quatro eleições, até 2009, e se era certo que tanta democracia iria custar ao país 100 milhões, não era menos verdade que as promessas eleitorais continuavam de borla. E foi assim que Sócrates foi reeleito, embora perdendo a maioria absoluta, no auge de um eufórico ciclo eleitoral durante o qual anunciou, solenemente, no Verão de 2009, "o princípio do fim da crise" - tal como Santana Lopes proclamara em 2004 o "fim da austeridade".
A reeleição de Cavaco Silva, há dois meses, foi o acto final da peça. Eleito e reeleito, Cavaco não perdeu tempo desta vez e prepara-se para avançar para o velho sonho da Direita: um Presidente, uma maioria, um Governo. Será da mais elementar cortesia e justiça que Cavaco Silva não se esqueça de agradecer a José Sócrates.
Etiquetas: autor convidado, JPG
3 Comments:
N me parece q haja algo a agradecer ao sr Pinto de Sousa. E a crise já vem do pântano abandonado de Guterres q se refugiou nos refugiados mas q um dia destes ainda volta e tira partido da má memória dos portugueses e dos média.
Se o país estava de tanga nessa altura, n sei o q se dirá agora.
Meu caro
Gostaria de acrescentar a este comentário a seguinte nota:
Nota: Sem esquecer as contribuições de Barroso - que fugiu quando o poder lhe cheirou a esturro, deixando o país ainda mais de tanga - e de Santana - que fez do exercício do poder um cortejo de Carnaval e declarou extinta a austeridade (a começar pela austeridade na residência oficial). E deste enredo ninguém sai vivo.
João Paulo Guerra
É verdade, caro JPG, mas não me esqueço que não há muito tempo o sócrates - suprema sobranceria - anunciava que "Portugal é o país da Europa mais bem preparado para enfrentar a crise".
Viu-se! Vê-se! Ver-se-á ainda mais!
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