29.6.11

Por favor, Marcelo, não fale de mim!

Por Ferreira Fernandes

NA SEMANA passada, o Jornal de Negócios considerou Marcelo Rebelo de Sousa o 43.º homem mais poderoso da economia portuguesa. Para quem não tem bancos nem empresas pode parecer exagerado. Mas o retrato que o jornal faz a seguir - "(...) as suas palavras aquecem a vida política nacional. Cria cenários e desfaz certezas. Tem amigos em todas as áreas..." - justifica a cotação alta. E não é Bernardo Bairrão que vai desmentir o Jornal de Negócios. As "palavras" de Marcelo, no domingo, "criando o cenário" de que Bairrão seria o próximo secretário de Estado da Administração Interna, "aqueceram a vida política nacional", na segunda-feira, e "desfizeram uma certeza": quem é convidado não tem o lugar seguro. Quase bingo, para o Jornal de Negócios! Quase, porque quer-me parecer que na área de ex-administradores da TVI, talvez Marcelo não tenha só amigos. Mas, quer-me parecer também, esse é o lado para que ele dorme melhor.
Alguém já definiu Marcelo como o escorpião que no meio do rio pica o sapo que o transporta às costas, com risco de também ele morrer afogado, mas incapaz de fugir à sua natureza de escorpião.
O exemplo de Bernardo Bairrão, afogado no meio do rio entre a TVI, de onde se despediu, e o Governo, para onde não entrou, deve dar ideias a Marcelo: está ali um emocionante nicho de mercado. E, aos domingos, a prédica vai ser ouvida ainda por mais pessoas. Não desejosas que o poderoso Marcelo as nomeie. Mas em pânico.
«DN» de 29 Jun 11

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