O acesso às contas dos assessores
Por Ferreira Fernandes
DEMOCRATIZOU-SE um bocadinho mais um direito inalienável: a cusquice. Ontem, os recém-nomeados pelos ministros - chefes de gabinete, assessores, adjuntos, secretárias, motoristas... - consultavam, tal como os restantes portugueses, o novíssimo site oficial com as nomeações. Mas nos ministérios fazia-se análise comparativa: "Ora deixa-me lá ver quanto é que o Gonçalo, que foi para a Saúde, ficou a ganhar...", dizia o Xavier, que foi para a Defesa Nacional.
O dia foi de passo em frente porque, antes, as nomeações só vinham no Diário da República. Este obrigava à quase profissionalização da curiosidade: tinham de ser lidas centenas de despachos, separar os louvores e as exonerações, para no meio de tanta parra saber das nomeações. Agora, com meia dúzia de cliques tem-se a lista completa, as funções e, sobretudo (para o cusco), quanto ganha cada um.
E é essa questão que pode causar algum distúrbio entre os apoiantes do novo Governo, até ontem unidos pela vitória e pela sorte de terem sido escolhidos pelos ministros. É que para a mesma função há diferenças significativas de ordenado. Sempre houve, e bem, porque os membros dos gabinetes ministeriais são como o género humano em geral: cada um é um caso. O problema é que com a transparência actual vai ser imediatamente notório esse factor de inveja. Não posso dizer, desde ontem, se alguns nomeados ainda têm o Governo sob estado de graça.
«DN» de 30 Jul 11DEMOCRATIZOU-SE um bocadinho mais um direito inalienável: a cusquice. Ontem, os recém-nomeados pelos ministros - chefes de gabinete, assessores, adjuntos, secretárias, motoristas... - consultavam, tal como os restantes portugueses, o novíssimo site oficial com as nomeações. Mas nos ministérios fazia-se análise comparativa: "Ora deixa-me lá ver quanto é que o Gonçalo, que foi para a Saúde, ficou a ganhar...", dizia o Xavier, que foi para a Defesa Nacional.
O dia foi de passo em frente porque, antes, as nomeações só vinham no Diário da República. Este obrigava à quase profissionalização da curiosidade: tinham de ser lidas centenas de despachos, separar os louvores e as exonerações, para no meio de tanta parra saber das nomeações. Agora, com meia dúzia de cliques tem-se a lista completa, as funções e, sobretudo (para o cusco), quanto ganha cada um.
E é essa questão que pode causar algum distúrbio entre os apoiantes do novo Governo, até ontem unidos pela vitória e pela sorte de terem sido escolhidos pelos ministros. É que para a mesma função há diferenças significativas de ordenado. Sempre houve, e bem, porque os membros dos gabinetes ministeriais são como o género humano em geral: cada um é um caso. O problema é que com a transparência actual vai ser imediatamente notório esse factor de inveja. Não posso dizer, desde ontem, se alguns nomeados ainda têm o Governo sob estado de graça.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Sei de fonte segura (e interna) que ainda antes do site já havia quem, por portas e travessas, quisesse e fizesse o esforço necessário para saber quanto é que os ex-colegas passaram a receber. Isto porque os célebres cortes não passaram de transferências.
A política está como o futebol, ninguém fica no desemprego, apenas mudam a camisola e o clube.
Estamos bem e recomendamo-nos!
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