Saudade e 'Schadenfreude'
Por Ferreira Fernandes
ANDO A TER muita Schadenfreude. Vocês sabem, aquela palavra alemã que significa ter alegria com o mal dos outros. Eu tive de explicar em frase, mas os alemães precisam de uma só palavra para definir a coisa. Muito eficientes os alemães, sobretudo em motores e estados de alma.
A primeira vez que senti ter Schadenfreude foi quando soube que os alemães tinham uma palavra para aquilo. Como ando de há uns tempos para cá irritado com os alemães, fiquei contente com o mal deles, fiquei com Schadenfreude por eles terem a palavra Schadenfreude. Só mesmo eles, disse-me.
Agora li que o Deutsche Bank (olha, outra coisa em que eles são bons, bancos) tem um fundo de investimento chamado Life Kompass 3. Este é tão fácil de explicar como empurrar uma velhota escada abaixo. Há um painel de 500 pessoas, verdadeiras e americanas, entre os 70 e 90 anos, a quem o banco determina uma dada esperança de vida. Se morrerem antes, os investidores ganham mais, se morrem depois, o banco paga menos aos investidores. Como se pode ver, o Deutsche Bank tem aqui o papel humanitário, tem interesse em que os velhotes vivam mais tempo. Já os investidores alemães apostam na morte da manada dos 500 o mais cedo possível.
Esta aposta na morte deu-me outra vez Schadenfreude pelos alemães. Eu sei que o sentimento é de alegria, mas não gosto. Já tenho saudade de ser português, isto é, meter explicações longas numa só palavra e esta não fazer mal aos outros.
«DN» de 24 Fev 12ANDO A TER muita Schadenfreude. Vocês sabem, aquela palavra alemã que significa ter alegria com o mal dos outros. Eu tive de explicar em frase, mas os alemães precisam de uma só palavra para definir a coisa. Muito eficientes os alemães, sobretudo em motores e estados de alma.
A primeira vez que senti ter Schadenfreude foi quando soube que os alemães tinham uma palavra para aquilo. Como ando de há uns tempos para cá irritado com os alemães, fiquei contente com o mal deles, fiquei com Schadenfreude por eles terem a palavra Schadenfreude. Só mesmo eles, disse-me.
Agora li que o Deutsche Bank (olha, outra coisa em que eles são bons, bancos) tem um fundo de investimento chamado Life Kompass 3. Este é tão fácil de explicar como empurrar uma velhota escada abaixo. Há um painel de 500 pessoas, verdadeiras e americanas, entre os 70 e 90 anos, a quem o banco determina uma dada esperança de vida. Se morrerem antes, os investidores ganham mais, se morrem depois, o banco paga menos aos investidores. Como se pode ver, o Deutsche Bank tem aqui o papel humanitário, tem interesse em que os velhotes vivam mais tempo. Já os investidores alemães apostam na morte da manada dos 500 o mais cedo possível.
Esta aposta na morte deu-me outra vez Schadenfreude pelos alemães. Eu sei que o sentimento é de alegria, mas não gosto. Já tenho saudade de ser português, isto é, meter explicações longas numa só palavra e esta não fazer mal aos outros.
Etiquetas: autor convidado, F.F
1 Comments:
Não sinta essa palavra tão feia! Faz-lhe mal e, a Alemanha fica na mesma.
Abraço
Maria
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