Tristezas não pagam dívidas
Por Manuel António Pina
A INTOLERÂNCIA de ponto decretada pelo Governo para ontem, Dia de Carnaval, foi um carnavalesco fracasso: no que respeita à função pública, foi cumprida nos serviços dependentes directamente do Governo (onde, no entanto, a coisa descambou em mascarada, já que muitos funcionários optaram por aparecer ao trabalho fantasiados "de rei, ou de pirata, ou jardineira") e em pouco mais de um terço dos concelhos do continente, pois 177 das 278 câmaras, incluindo 50 do PSD e CDS, fecharam portas; isto sem fazer contas à Madeira, onde o tolerante Jardim deu folia aos "seus" 30 000 funcionários não só ontem mas também, para curtirem a ressaca, na manhã de hoje.
Já o sector privado - por "culpa" dos odiados contratos colectivos, arrepelam-se unanimemente o ministro da Economia e o patrão dos patrões - passou a manhã na cama e a tarde nos corsos ou a ver pasmadamente montras nos centros comerciais.
Não foi metade do país que parou, foi o praticamente o país inteiro, com as honrosas excepções do ministro Álvaro e de António Saraiva (e do cronista). Com efeito, muitos dos funcionários que "trabalharam" passaram o dia parados já que os serviços de atendimento público abertos estiveram às moscas.
O Governo não se terá imprudentemente apercebido de que "a gente trabalha/ o ano inteiro" e merece, como na canção de Vinicius/Tom Jobim, "um momento de sonho". E de que tristezas não pagam dívidas, incluindo dívidas à "troika".
«JN» de 22 Fev 12A INTOLERÂNCIA de ponto decretada pelo Governo para ontem, Dia de Carnaval, foi um carnavalesco fracasso: no que respeita à função pública, foi cumprida nos serviços dependentes directamente do Governo (onde, no entanto, a coisa descambou em mascarada, já que muitos funcionários optaram por aparecer ao trabalho fantasiados "de rei, ou de pirata, ou jardineira") e em pouco mais de um terço dos concelhos do continente, pois 177 das 278 câmaras, incluindo 50 do PSD e CDS, fecharam portas; isto sem fazer contas à Madeira, onde o tolerante Jardim deu folia aos "seus" 30 000 funcionários não só ontem mas também, para curtirem a ressaca, na manhã de hoje.
Já o sector privado - por "culpa" dos odiados contratos colectivos, arrepelam-se unanimemente o ministro da Economia e o patrão dos patrões - passou a manhã na cama e a tarde nos corsos ou a ver pasmadamente montras nos centros comerciais.
Não foi metade do país que parou, foi o praticamente o país inteiro, com as honrosas excepções do ministro Álvaro e de António Saraiva (e do cronista). Com efeito, muitos dos funcionários que "trabalharam" passaram o dia parados já que os serviços de atendimento público abertos estiveram às moscas.
O Governo não se terá imprudentemente apercebido de que "a gente trabalha/ o ano inteiro" e merece, como na canção de Vinicius/Tom Jobim, "um momento de sonho". E de que tristezas não pagam dívidas, incluindo dívidas à "troika".
Etiquetas: MAP
2 Comments:
Acho que o MAP devia ter feito gazeta. Porém, lá se perdia uma crónica que não perco.
O governo não se terá apercebido porque está... muito "troico".
Estamos "tro(i)cados". E muito mal pagos.
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