18.9.12

Mas eles não ouvem o que dizem?

Por Ferreira Fernandes
NENHUM político dos partidos que vão a votos para nos governar (PSD, PS e CDS) diz outra coisa desta crise: ela é séria. Séria? Muito séria. Muito, mesmo? Mesmo. É o que me têm dito. Eu ainda na dúvida, isto passa, mas eles, definitivos: a crise é séria. Eles convenceram-me. 
No dia 6 de junho de 2011 - deixem-me lembrar o dia: tínhamos ido votar na véspera para o Governo que deveria combater essa séria crise - eu já estava convencido. Sei-o porque, nesse dia 6, escrevi aqui que, sendo tamanho o desafio, eu esperava tudo de todos. Se fosse preciso trabalhar mais, eu iria trabalhar mais, se fosse preciso ganhar menos, eu iria ganhar menos, e assim por diante. 
Dos políticos dispostos a governarem-nos isso significaria que, sendo a crise o que era, desses políticos, eu esperaria que nos governassem. Juntos, porque a crise era de todos; comprometidos, porque as soluções não eram evidentes e teria de haver muito diálogo; e fortes, porque precisávamos de reconhecer liderança em quem nos ia exigir tantos sacrifícios. Conservadores, o PSD, o CDS e o PS preferiram a solução fácil e fraca: um governo só de direita. "Só" é a palavra certa, quer dizer pouco para o que era necessário. Conservadores, o PSD, o CDS e o PS foram também incoerentes: então a crise não era mesmo séria? 
Um ano e três meses depois reparo que a incoerência se agrava, até a solução tipo "só" estremece... Nem é pedir muito, oiçam o que dizem: a crise é séria.
«DN» de 18 Set 12

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