IMIscuiram-nos na IMInência do IMI…
Por Joaquim
Letria
DURANTE décadas, os portugueses compraram casas
porque era mais barato do que arrendar o pouco que havia. Os bancos, a fazerem
o seu negócio, ofereciam crédito ao Deus dará. E ainda ofereciam para os
móveis, para um carrinho para a menina que entrava na faculdade e para umas
férias na República Dominicana…
Hoje, as coisas
tornaram-se difíceis e já ninguém dá facilidades daquelas para não haver
necessidade das famílias (como se diz agora) se descapitalizarem. Dantes, os
juros eram ao preço da uva mijona. Hoje, com o desemprego, os cortes e os
impostos, ninguém tem dinheiro e na floresta de Sherwood não há Robin que
defenda os inocentes.
O IMI, a última
arma de destruição massiva deste governo, abate-se agora sobre os pobres
proprietários, criando-lhes ainda mais incerteza e fazendo com que as pessoas
gastem ainda menos do que já gastavam. O consumo diminui e a receita dos
impostos cai, naturalmente.
Confiança não
se pode ter em quem mente dia sim, dia sim, quanto mais confiar em quem, numa
semana, diz que em 2013 e 2014 havia um limite para a subida do Imposto
Municipal sobre Imóveis (IMI), depois diz que afinal já não vai haver essa
salvaguarda e agora faz constar, sem o dizer, que afinal volta a haver uma salvaguarda.
Há quem se
queixe de subidas de 2 mil por cento do IMI e quem conte histórias de terror
acerca das reavaliações. Reclamar da justeza duma dessas avaliações custa logo,
para começar, um depósito de 200 euros. E se a reclamação (cuja justificação
legal também custa mais dinheiro) não for atendida, adeus 200 euros…
Com o
desaparecimento do arrendamento de casas em Portugal, a maioria dos Portugueses
vive em casa própria. Muitos pagam com dificuldade o empréstimo do banco. O
pesadelo do IMI e o perfil dos ajudantes do xerife de Nottingham são
devastadores.
A angústia já era grande, mas passa, assim, a maior. As pessoas encolhem-se e gastam cada vez menos. A receita fiscal e o consumo que poderia proporcioná-la reduz-se ainda mais drasticamente. A confiança nos políticos roça o zero. Compreensivelmente.
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