12.10.12

IMIscuiram-nos na IMInência do IMI…

Por Joaquim Letria

DURANTE décadas, os portugueses compraram casas porque era mais barato do que arrendar o pouco que havia. Os bancos, a fazerem o seu negócio, ofereciam crédito ao Deus dará. E ainda ofereciam para os móveis, para um carrinho para a menina que entrava na faculdade e para umas férias na República Dominicana…
Hoje, as coisas tornaram-se difíceis e já ninguém dá facilidades daquelas para não haver necessidade das famílias (como se diz agora) se descapitalizarem. Dantes, os juros eram ao preço da uva mijona. Hoje, com o desemprego, os cortes e os impostos, ninguém tem dinheiro e na floresta de Sherwood não há Robin que defenda os inocentes.
O IMI, a última arma de destruição massiva deste governo, abate-se agora sobre os pobres proprietários, criando-lhes ainda mais incerteza e fazendo com que as pessoas gastem ainda menos do que já gastavam. O consumo diminui e a receita dos impostos cai, naturalmente.
Confiança não se pode ter em quem mente dia sim, dia sim, quanto mais confiar em quem, numa semana, diz que em 2013 e 2014 havia um limite para a subida do Imposto Municipal sobre Imóveis (IMI), depois diz que afinal já não vai haver essa salvaguarda e agora faz constar, sem o dizer, que afinal volta a haver uma salvaguarda.
Há quem se queixe de subidas de 2 mil por cento do IMI e quem conte histórias de terror acerca das reavaliações. Reclamar da justeza duma dessas avaliações custa logo, para começar, um depósito de 200 euros. E se a reclamação (cuja justificação legal também custa mais dinheiro) não for atendida, adeus 200 euros…
Com o desaparecimento do arrendamento de casas em Portugal, a maioria dos Portugueses vive em casa própria. Muitos pagam com dificuldade o empréstimo do banco. O pesadelo do IMI e o perfil dos ajudantes do xerife de Nottingham são devastadores.
A angústia já era grande, mas passa, assim, a maior. As pessoas encolhem-se e gastam cada vez menos. A receita fiscal e o consumo que poderia proporcioná-la reduz-se ainda mais drasticamente. A confiança nos políticos roça o zero. Compreensivelmente.

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