10.10.12

Desculpem mas é mais do mesmo

Por Ferreira Fernandes
VOU REBOBINAR, aliás, por duas vezes, e repetir a crónica de anteontem, "Se a Crise É o Que Dizem Ser...", e repetir a crónica de ontem, "Legendas e Narrativas". 
Na verdade, vou continuando sempre com a mesma crónica. As repetições são sobre um drama, a crise, ao qual juntamos um drama maior, o estado de negação da crise. Na de anteontem, insurgi-me pelo facto de os nossos líderes, embora falando muito dela, da crise, acabarem por a menorizar ao pretenderem que ela pode ser combatida por eles, estando eles a fazer figuras medíocres (e não falo só dos governantes). 
Eu tenho a minha ideia de líder, mas prefiro dizer-vos que método empreguei para chegar a ela. Atendendo ao que dizem todos, a iminência do desastre, já que é assim, eu quero o tipo de homem a ter ao meu lado numa caçada de tigres. Será pedir muito, mas é pedir o necessário. Esse foi anteontem o meu patamar, onde me encontrei tão desiludido como Diógenes, o que procurava verdadeiros homens com uma lanterna. 
E por falar nesta, ontem, desci à Cinemateca. O cinema é tão importante que deveríamos, assim pudéssemos, descentralizar a Cinemateca, criar uma, duas, três Cinematecas pelo País, não deixar que um só jovem de Bragança atingisse a puberdade sem ter assistido a um ciclo dedicado a Robert Bresson. Se pudéssemos. Ao que parece ontem não podíamos pagar as legendagens dos filmes de um ciclo da Cinemateca. A minha crónica resumiu-se a isto: e?! 
«DN» de 10 Out 12

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