Desculpem mas é mais do mesmo
VOU REBOBINAR, aliás, por duas vezes, e repetir a crónica de anteontem, "Se
a Crise É o Que Dizem Ser...", e repetir a crónica de ontem, "Legendas e
Narrativas".
Na verdade, vou continuando sempre com a mesma crónica. As
repetições são sobre um drama, a crise, ao qual juntamos um drama
maior, o estado de negação da crise. Na de anteontem, insurgi-me pelo
facto de os nossos líderes, embora falando muito dela, da crise,
acabarem por a menorizar ao pretenderem que ela pode ser combatida por
eles, estando eles a fazer figuras medíocres (e não falo só dos
governantes).
Eu tenho a minha ideia de líder, mas prefiro dizer-vos que
método empreguei para chegar a ela. Atendendo ao que dizem todos, a
iminência do desastre, já que é assim, eu quero o tipo de homem a ter ao
meu lado numa caçada de tigres. Será pedir muito, mas é pedir o
necessário. Esse foi anteontem o meu patamar, onde me encontrei tão
desiludido como Diógenes, o que procurava verdadeiros homens com uma
lanterna.
E por falar nesta, ontem, desci à Cinemateca. O cinema é tão
importante que deveríamos, assim pudéssemos, descentralizar a
Cinemateca, criar uma, duas, três Cinematecas pelo País, não deixar que
um só jovem de Bragança atingisse a puberdade sem ter assistido a um
ciclo dedicado a Robert Bresson. Se pudéssemos. Ao que parece ontem não
podíamos pagar as legendagens dos filmes de um ciclo da Cinemateca. A
minha crónica resumiu-se a isto: e?!
«DN» de 10 Out 12 Etiquetas: autor convidado, F.F
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