23.1.13

As jóias de estimação

Por Joaquim Letria
HÁ DOIS anéis que custa muito aos portugueses desfazerem-se deles para ficarem com os dedos: a TAP e a RTP. 
 Uma e outra são verdadeiros símbolos e instrumentos do nosso ser colectivo, do nosso orgulho nacional, ambas indissociáveis do nosso conceito nacional. Não têm a ver com a EDP, a REN e a Ana, outras jóias de família que já fomos deixar no prego para comermos fiado mais algum tempo. A TAP e a RTP são diferentes. São também jóias de estimação, mas estas já eram de estimação da avó e da mãe. 
Vender agora, é vender ao preço da uva mijona, o que ainda custa mais, não fora essa, ao que nos dizem, uma necessidade absoluta. É pior do que penhorar para dar a sopa aos filhos. É ceder a prestamistas, mostrar o rabo a agiotas, facilitar a amigos, dar dinheiro por obséquio sem perguntar aos verdadeiros donos se autorizam, se acham o preço certo, se concordam com a política do “vão-se os anéis, mas fiquem os dedos”.
A gente até estaria disposta a fazer maiores sacrifícios se soubéssemos para quê, se acreditássemos nos vendedores e se confiássemos nos prestamistas. Mas a verdade é que, para mal dos nossos pecados, até há negócios destes em que confiamos mais nos credores…

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