O nosso Gaspar está cá um político...
EM ECONOMIA sou um pitosga só capaz de saber se faz noite ou dia. Sei que é
mau o Estado português ser considerado menino ou borracho, sobrevivente
só à custa de o Deus FMI lhe pôr a mão por baixo, e sei que seria bom
essa dependência desaparecer o mais depressa possível. Ao que parece, a
reconquista de parte da nossa maioridade, ou sobriedade, estava prevista
para setembro: iríamos, então, aos mercados. Mas, ontem, foi anunciado
por Vítor Gaspar que a data dessa parcial alforria será já hoje. Como
grandes, vamos lançar: "Quem nos empresta dinheiro?" Era pergunta banal
até há uns tempos, mas que nos estava vedada ultimamente. Com a
capacidade de apreciar aquilo de bom que não se tem, só podemos
congratular-nos com a "ida aos mercados" (é gira a fórmula) e com a sua
antecipação. Deixo aos menos pitosgas a avaliação de quanto desta ida se
deve a méritos da política portuguesa e quanto à mudança da política do
BCE. Dito isto, sei ver uma mudança. Em psicologia comportamental de
ministros sou barra: o nosso Gaspar está a tornar-se um político. Antes,
o homem do dois mais dois igual a quatro não sairia da meta que se
tinha dado. Em setembro ia-se aos mercados e pronto. O excel tinha dito e
estava dito... Esta jogada de antecipação cheira a bluff, a Mourinho a
adiantar a equipa do adversário, a... a..., que Gaspar me perdoe o
palavrão, a política. Eu, que gosto de aventura e poesia, só posso
dizer: bem-vindo, sr. ministro!
«DN» de 23 Jan 13 Etiquetas: autor convidado, F.F
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