26.2.13

Bunga-bunga? Ainda não viram nada...

Por Ferreira Fernandes
QUANDO escrevo ainda os resultados eleitorais italianos estão uma trapalhada. Ótimo, é quando eles espelham melhor o país. Ontem, a Itália, como sempre, parecia um maluco felliniano em cima de uma árvore a gritar "eu quero uma donna!", Alberto Sordi a aldrabar um polícia e Vittorio Gassman a pôr o seu ar de Il Mattatore
Itália excessiva, como pensávamos que era só o cinema italiano, quando é a Itália, ponto. Por exemplo, nos outros países o centro político é um mito a atingir, ali é uma praça romana circulada por lambretas e Fiats 500: o centro-centro de Mario Monti, o centro-esquerda PD de Bersani e o centro bunga-bunga PDL de Berlusconi. 
Monti apostou no registo de professor modesto e estampou-se, só 10 por cento (não viram Benigni em A Vida É Bela? - em Itália os professores querem-se é gloriosamente aldrabões). Os outros dois aproveitaram e ligaram o complicómetro: o Parlamento estando dividido em Câmara de Deputados e Senado, o PD e o PDL partilham-nos em vitórias tangenciais. No final, talvez já tenham invertido as posições, mas não no essencial: já é certo que a Itália ficou ingovernável. Isto porque este circo ganhou um palhaço: Beppe Grillo, grilo que, mais do que falante, tuíta e bloga. Com cerca de 25 por cento de votos, Grillo é o grande vencedor das eleições e o seu Movimento 5 Estrelas tornou-se o fiel da balança política. 
Pedir a um humorista e provocador para ser fiel, só mesmo em Itália.
«DN» de 26 Fev 13

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