30.3.13

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Publicado no jornal "Lusitano de Zurique"

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1 Comments:

Blogger Carlos Medina Ribeiro said...

Para quem não consiga ler o texto a partir da imagem, aqui fica ele:
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Explica-me melhor, Francisco

Tu, Francisco, que és omnipotente, ou embaixador delegado das mais altas Omnipotências, o que dá objectivamente no mesmo, esclarece-me por favor destas minhas dúvidas pascais.
Toda a vida ouvi dizer a meu muito crente pai q o nosso Senhor, aliás o filho, tinha morrido na sexta-feira de Páscoa, cuja, por isso mesmo, se chamava de Paixão.
Até essa altura eu achava que paixão era o q eu tinha tido pela Fatinha, aquela menina de cabelos louros em caracóis de cornucópia caindo pelos ombros q eu, desde garoto com muita maldade instalada, me apetecia puxar o tempo todo. Aprendi mais tarde q Paixão tanto podia significar esse extremo gozo das carnalidades perversas, como, afinal, exactamente o contrario, o extremo desprazer da morte, mesmo para os senhores divinos e sua família. Complicado.
Explicaram-me na altura q se tratava do amor pelos homens, coisa q eu sinceramente sempre achei repulsiva, embora tenha imensos amigos dessa religião. Mas adiante.
Eu tinha estudado q o Senhor, - alias, o Filho descido à Terra - tinha estado 3 dias morto ate ressuscitar; o que atirava o Domingo de Pascoa para uma segunda-feira, coisa q me pareceu muito esquisita.
Vim a perceber q afinal os sacanas deviam ter morto o Jesus na quinta-feira; só assim é q fazia sentido o domingo ser no Domingo.
Mas afinal, mesmo morrendo na quinta-feira, as contas davam mal. Com efeito, para mim, contando bem, na sexta-feira faria um dia e no sábado apenas dois. Ora na minha terra sempre se chamou ao sábado de Aleluia, pelo facto do tal Senhor, aliás, o filho, já ter ressuscitado. E aleluia ser uma expressão de alegria por isso.
Portanto, se calhar, digo eu, o filho morreu na quarta-feira e chateado de estar morto fez aleluia no sábado, antecipando o Domingo de Páscoa em que já estaria confirmadamente vivo.
Razão tinha o São Tome para duvidar daquilo tudo, pois parecia uma grande intrujice. E foi ver as feridas. Mas, pergunto eu, se ele ressuscitou, que raio, devia estar limpinho e sem feridas.
Aproveitava, até porque tinha ido para a cruz em muito mau estado.
E se ressuscitou mesmo ao terceiro dia, então ainda devia estar entre nós; ou então morreu outra vez, sem se saber nem onde nem como. Está mal. Deviam esclarecer isso e dizer quando é q foi a despáscoa ou qualquer outro cerimonial de levitação semelhante, que eu gosto sempre de apreciar. E isso da Ascensão cheira-me a despedida parva; e andamos todos a precisar muito de acreditar em qualquer coisa de jeito; bem pode voltar a descer q a gente faz de conta e embarca nessa treta toda outra vez.
Mas o mistério para mim, desde pequenino, continua. Por isso peço ao Francisco, que me parece boa pessoa e muito bem-disposto, - apesar de ter sido confessor do Videla – q me explique tudo muito bem, para eu tirar estas confusões da minha cabeça e muito obrigado e desculpem qualquer coisinha.

31 de março de 2013 às 10:18  

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