Da tragédia à ópera bufa
Por Joaquim Letria
A VIDA política dá mostras de preocupante incoerência. Passamos com a maior facilidade da tragédia para a ópera bufa. A verdade é que nos deram cabo da Economia, destruíram o resto da Indústria, narcotizaram a Agricultura mas, apesar da incompetência, do desleixo e da maldade que combinam para nos fazer mal, o País continua a dar a aparência de não desistir de funcionar, a Nação apresentando-se muito por cima da sua triste classe política, parecendo até que se manterá de maneira indefinida, enquanto não lhe quebrarem algo insubstituível.
Alguns julgam que se assim continuarmos tudo isto passará ao esquecimento, incluindo os episódios que marcam este triste género que nos obrigam a suportar, faz agora duas décadas, mais coisa menos coisa. O grave é o desemprego continuar a aumentar, a educação não melhorar, a assistência médica piorar, os impostos aumentarem, o que é nosso ser cada vez menos e a vontade de aqui viver não parar de diminuir.
Sem regras, nem ética, nem ideias definidas que potenciem o crescimento e regulem a concorrência interna, os partidos são oligarquias imobilistas cada vez mais parecidos com quadrilhas apostadas em arranjar empregos, ajudar os medíocres e servirem-se dos corruptos. É verdade que os ratos fazem o baile quando os gatos estão de folga. Mas também é preciso pendurar guizos nos gatos…Doutra maneira, como estamos todos a ver, não abandonamos nunca o disparate económico e a tontice política.
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