25.3.13

E tu em que comentador votas?

Por Ferreira Fernandes
TORNOU-SE o coroar de progressão na carreira de um político: militante, deputado, ministro e, enfim, comentador político televisivo! Três ex-líderes do PSD, um do PS e um do BE acabam de se juntar a um outro ex-líder social-democrata - o professor Marcelo, o indestronável Ferguson do comentário -, num vendaval de contratações. 
Antigamente a glória era chegar a comendador; agora, a comentador. Passa-se de uma consonante sonora (d) para uma surda (t), o que para quem se quer fazer ouvir me parece despromoção. Acresce que nisto de juntar política e televisão não se pode ficar a meio caminho. Como um dia disse Emídio Rangel, uma televisão pode vender um Presidente. Disse "uma televisão", não "um comentário televisivo". Ponham os olhos em Berlusconi que para chegar lá comprou a emissora, o que não o fez uma respeitada "Sua Eminenza", fê-lo uma poderosa "Sua Emitenza"... 
Já critiquei a moda pela minha ótica de consumidor: a atual política informativa das Tvs com um político comentador político - dar altifalante a alguém que faz de conta que comenta de fora, quando é parte interessadíssima - é uma fraude (e ainda por cima com a caução de um jornalista/virador, que só está no palco para mudar as páginas da partitura do artista.) 
Volto à crítica, por generosidade para com comentadores: se a intenção é política (e é), não é só perda de tempo, é despromoção. O político é aquele que ganha a outro. A falar sozinho não vai lá. 
«DN» de 25 Mar 13

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